Escrito por: Redação CUT
Depois de Bolsonaro dizer que põe a cara toda no fogo por Milton Ribeiro, governo quer que ministro deixe a pasta enquanto tenta se defender das denúncias sobre um esquema de propinas, segundo o Metrópolis
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (PL) defender o ministro da Educação, Milton Ribeiro, após revelação do escândalo que foi confirmado por pelo menos 10 prefeitos, de que pastores cobram propina em troca de verbas da educação, o governo quer que o ministro deixe a pasta sob o comando do secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC) enquanto tenta se defender das denúncias sobre o esquema de propinas, diz o colunista Guilherme Amado, do Metrópolis.
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Na semana passada a Folha de S. Paulo divulgou um áudio do ministro dizendo que priorizava amigo de pastor a pedido de Bolsonaro.
Dias antes, o Estadão havia denunciado um gabinete paralelo no MEC comandado por pastores evangélicos que fizeram inúmeras visitas ao Palácio do Planalto nos últimos anos. Segundo o jornal, o prefeito do município maranhense de Luis Domingues, Gilberto Braga (PSDB), afirmou em entrevista que o pastor Arilton Moura, amigo de Bolsonaro, pediu ouro em troca de liberações de recursos da educação. Outras vezes, ele pedia doação de bíblias ou dinheiro vivo.
Apesar de todas essas denúncias, Bolsonaro disse em sua live semanal na quinta-feira (24) que botaria não apenas a mão mas o rosto inteiro no fogo pelo Milton Ribeiro, que também é pastor.
"O Milton, coisa rara eu falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton. Minha cara toda no fogo pelo Milton", disse Bolsonaro na live. Em outras ocasiões, voltou a repetir a mentira de que em seu governo não tem corrupção.
A última atualização do site Aos Fatos, que contabiliza as mentiras de Bolsonaro, diz que, até o dia 25 de março, o presidente fez 190 afirmações mentirosas sobre a corrupção no seu governo.
Enquanto mente sobre corrupção para o público externo, onde também defende o ministro, na intimidade Bolsonaro está mais preocupado com o baque no seu projeto de reeleição. É o que indica o acordo para o ministro-pastor se afastar.
De acordo com o colunista do Metrópolis, Milton Ribeiro discutiu neste fim de semana com Bolsonaro seu afastamento do cargo. Até agora, segundo amigos e colaboradores, Ribeiro não queria de jeito nenhum se afastar e contava com o apoio da primeira-dama Michelle Bolsonaro e do filho zero um, o senador Flávio Bolsonaro.
Mas, o afastamento de Ribeiro é, na avaliação de Bolsonaro, a melhor saída no momento, ainda que ele acredite na inocência do ministro, diz Guilherme Amado, que complementa: Ribeiro deve deixar o comando da pasta para o secretário-executivo e número dois na hierarquia do MEC pasta, Victor Godoy Veiga.
O afastamento seria até o ministro conseguir provar sua inocência, apesar do áudio e dos prefeitos que confirmam a atuação do gabinete paralelo.