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Bolsonarista mata petista, pai de 4 filhos, em festa de 50 anos: ‘Aqui é Bolsonaro’

Marcelo Arruda, guarda civil, foi assassinado por um policial federal penitenciário, que ameaçou todos os convidados com a arma na mão; Marcelo evitou a chacina atirando no bolsonarista

Publicado: 11 Julho, 2022 - 08h41 | Última modificação: 11 Julho, 2022 - 10h46

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Reprodução/redes sociais
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O guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, pai de 4 filhos, militante do PT e dirigente do sindicato dos servidores municipais de Foz do Iguaçu (PR), foi assassinado a tiros, na madrugada deste domingo (10), durante sua festa de aniversário de 50 anos, pelo bolsonarista  Jorge José da Rocha Guaranho, policial federal penitenciário.

Amigos e parentes estão velando o corpo de Marcelo desde domingo (10) no Ginásio Sebastião Flor, em Foz do Iguaçu. O enterro está previsto para as 14h, no Cemitério Municipal Jardim São Paulo, na cidade paranaense.

Minutos antes do crime, Guaranho esteve na entrada da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), onde Marcelo comemorava o aniversário com festa temática decorada com estrelas vermelhas e imagem do rosto do ex-presidente  Lula na noite deste sábado (9), abriu a janela do carro, xingou o PT, Lula, e disse "aqui é Bolsonaro".

O bolsonarista, Guaranho, que é um dos diretores da associação, segundo a Polícia Civil do Paraná, estava com a mulher e um filho no carro. Pressionado pela mulher, que pediu para ele parar aos gritos, desesperada, segundo os relatos dos convidados, saiu ameaçando “matar todos vocês, seus desgraçados”. 

Depois das ameaças, Marcelo foi até seu carro para pegar sua arma funcional, alegando temer que o bolsonarista realmente voltasse, como de fato aconteceu. O policial penal federal Jorge Guaranho voltou e invadiu a festa atirando.

Marcelo exibiu identificação de Guarda Civil e sua arma funcional, sua esposa, Pâmela Suellen Silva se identificou com policial civil, mas nada adiantou. O primeiro tiro atingiu Marcelo na pena, Guaranho então se aproximou para dar o tiro fatal, a mulher de Marcelo ainda tentou impedir, mas não conseguiu.

Mesmo depois de ter levado três tiros, um deles nas costas, do policial penal fascista, Marcelo ainda tentou defender a si mesmo e aos convidados e atirou no assassino, que está internado em estado grave, mas estável. 

Segundo um amigo de Marcelo, “com sua reação, ele conseguiu evitar uma chacina, foi um herói”, diz o texto da Revista Fórum.

Intolerância

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou as consequências do episódio de intolerância para as duas famílias. “Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda”, disse, via Twitter. “Também peço compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável.”

 

 

O crime em Foz do Iguaçu faz parte de uma onde crescente de atos de violência política estimulada pelo presidente desde sua campanha eleitoral, em 2018. Já naquele ano, o mestre de capoeira Moa do Katendê foi morto a facadas por um bolsonarista por ter dito que votou no petista Fernando Haddad no primeiro turno.

“Quando digo que as pessoas estão doentes e que a falta de respeito e diálogo é uma tragédia, alguns acham que é exagero. As pessoas estão se atacando por causa da política e agora sabemos que elas também jogam bombas e matam. Hoje eu perdi um dos meus melhores amigos”, disse o petista André Alliana, amigo de Marcelo Arruda, no blog Boca Maldita.

Leia a íntegra da nota do PT

Mais um querido companheiro se foi nessa madrugada, vítima da intolerância, do ódio e da violência política. Em plena celebração de seu aniversário, em que comemorava seus 50 anos com familiares, amigos e companheiros, em Foz do Iguaçu, PR, nosso Marcelo Arruda foi assassinado por um bolsonarista que, pouco antes, havia interrompido a festa e ameaçado de armas na mão a todos os presentes, familiares, amigos, companheiros ali reunidos, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu.

Marcelo era guarda municipal e um grande militante do PT, tendo sido nosso candidato a vice-prefeito em Foz do Iguaçu nas eleições de 2020. As últimas imagens de sua vida, gravadas no momento em que cantavam o parabéns, registram sua alegria de viver, seu entusiasmo com a militância, seu compromisso de vida com o PT e o presidente Lula.

Antes de ser assassinado com três tiros pelo policial penal fascista que o abordou no estacionamento, Marcelo tentou ainda se defender com a arma funcional que tinha em seu carro e reagiu. O assassino de Marcelo também morreu no local.

Desde o começo do ano, quando lançou uma Campanha Nacional contra a Violência Política, o PT vem alertando a sociedade brasileira e as autoridades dos vários Poderes da República para a escalada de perseguição a parlamentares, filiados e filiadas, militantes de movimentos sociais e de outros partidos de esquerda e o crescimento da violência política no país.

Embalados por um discurso de ódio e perigosamente armados pela política oficial do atual Presidente da República, que estimula cotidianamente o enfrentamento, o conflito, o ataque a adversários, quaisquer pessoas ensandecidas por esse projeto de morte e destruição vêm se transformando em agressores ou assassinos.

Marcelo estava na flor da idade, tinha uma vida pela frente com sua família, esposa e quatro filhos, a quem prestamos nossa total solidariedade e apoio, e sonhava com um Brasil justo e democrático, fraterno e solidário, que queria construir com o povo brasileiro a partir da derrota do fascismo e da eleição de Lula Presidente.

Basta de violência! Basta de destruição! É tempo de reconstrução e transformação do Brasil e das relações entre brasileiros e brasileiras! Vamos chorar e enterrar mais um companheiro que tombou vítima da violência política, basta!

Cobramos das autoridades de segurança pública medidas efetivas de prevenção e combate à violência política, e alertamos ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal para que coíbam firmemente toda e qualquer situação que alimente um clima de disputa violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade. Iniciativas nesse sentido foram devidamente apontadas pelo PT em várias oportunidades, junto ao Congresso Nacional, o Ministério Público e o Poder Judiciário.

Marcelo, não esqueceremos de você, em sua memória continuaremos na luta contra a violência, a injustiça e a intolerância. Presente, hoje e sempre!

Gleisi Hoffmann, Presidenta Nacional do PT

Abdael Ambruster, Coordenador Nacional do Setorial de Segurança Pública do PT

Com apoio da RBA