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“Bolsonaro comete um crime de responsabilidade por dia”, afirma Tarso Genro

Participantes discutiram as atuais condições jurídicas, políticas e sociais para a saída de Bolsonaro ou a cassação da sua chapa no Tribunal Superior Eleitoral (TST)

Publicado: 19 Junho, 2020 - 10h20 | Última modificação: 19 Junho, 2020 - 10h28

Escrito por: CUT - RS

Reprodução
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“O presidente Jair Bolsonaro comete um crime de responsabilidade por dia há muito tempo”, afirmou o ex-governador do RS, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, em live promovida pela CUT-RS na noite desta quarta-feira (17) sobre o tema “Fora Bolsonaro, em defesa da vida e do Brasil”. A transmissão foi feita nas páginas da CUT-RS e da CUT Brasil no Facebook.

Tarso é também advogado renomado e um dos que subscreve o pedido coletivo de impeachment, assinado por partidos de oposição e mais de 400 entidades da sociedade civil, juristas e personalidades, protocolado no último dia 21 de maio, na Câmara dos Deputados. O documento requer o afastamento do presidente da República com base no crime de atentado à saúde pública em razão de sua postura negacionista frente à pandemia de coronavírus, doença que já matou mais de 47 mil pessoas no Brasil.

Além do ex-governador, participaram do debate a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres, e a torcedora antifascista do Grêmio, Patrícia Ferreira. A mediação foi feita pelo presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.

Os participantes discutiram as atuais condições jurídicas, políticas e sociais para a saída de Bolsonaro ou a cassação da sua chapa no Tribunal Superior Eleitoral (TST).

Só continua no poder porque mantém projeto da elite econômica

“Se fosse apenas uma questão jurídica, não tenho a menor dúvida de que ele não estaria comandando o país, uma vez que ele atentou várias vezes contra a Constituição, seja estimulando golpes em quarteis, o desmatamento da Amazônia ou cometendo improbidade administrativa ao aparelhar a Polícia Federal”, destacou o ex-prefeito.

Para Tarso, “Bolsonaro só continua no poder por sua capacidade de dar seguimento ao projeto da elite econômica nacional de liquidar com a proteção social dos brasileiros, como vimos com a sua reforma da Previdência”. Ele classificou o impeachment como um processo mais parlamentar do que jurídico e que necessita de um contingente social para se concretizar.

“Temos um presidente que se orgulha de sua ignorância e transforma sua condição sociopática em uma linha política de abordagem das questões nacionais”, completou o ex-ministro, que ainda chamou atenção para o fisiologismo com que o capitão reformado do Exército conduz sua relação com o Congresso e a sua ligação obscura com o mundo das milícias cariocas.

Rentismo, ódio e fisiologismo

Para Erika, estamos vivendo um trançado de crises: tanto sanitária e moral, quanto ética, política e econômica. Bolsonaro sabota as saídas para todas as crises, não está disponibilizando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), testes e respiradores que havia prometido.

“Ele pede o fim do isolamento social de forma irresponsável e, portanto, fecha os olhos para a crise sanitária. O parlamento tem preenchido o vazio de ações do Executivo Nacional no que tange ao combate à pandemia, mas, no entanto, está em sua grande maioria comprometido com o projeto econômico do governo, que prioriza o rentismo e menospreza o mercado interno”, analisou a deputada ao enxergar a contradição enfrentada pelo Congresso ao lidar com as denúncias envolvendo o presidente.

“O Congresso personifica o compromisso com o capitalismo improdutivo e apoia toda a agenda econômica do presidente e este é o maior empecilho para o seu afastamento, no momento”, disse Erika.

Para ela, “Bolsonaro está construindo uma maioria no Congresso, loteando o Estado, para conseguir maioria, caso enfrente um processo de impeachment. Somado a isso, está o seu gabinete do ódio que, através de mentiras e fake news, mantém sua base militante ativa. O ódio e o fisiologismo são suas apostas para os dias que virão”.

Nas ruas pelo direito de viver

Cayres avaliou que o momento é delicado para manifestações de rua pelo Fora Bolsonaro, uma vez que enfrentamos uma pandemia mortal. Mesmo assim, ele frisou que apoia os protestos, apesar de não convocá-los diretamente.

“Os escolhidos a morrer pelo Estado brasileiro estão indo para as ruas e lutar pelo seu direito de não morrer”, explicou o presidente da CNM-CUT que vê o Brasil envergonhado diante de outros países e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“A coisa só não está pior devido às heranças deixadas pelos governos democráticos-populares, como o SUS ou as UPAs. Tenho certeza que, se não posse a pandemia, já teríamos milhões de brasileiros nas ruas”, projetou.

Torcidas antifascistas unidas contra Bolsonaro

Representando as torcidas antifascistas dos grandes clubes de futebol, que viraram um novo agente político no Brasil, a torcedora do Grêmio observou que Bolsonaro possui um caráter fascista, que se expressa através do gabinete do ódio.

“Desde 2016, quando tivemos o golpe da presidenta Dilma, nós sabíamos que os fascistas estavam ali, só esperando para mostrar sua face. Foi a partir dessa noção, que começamos a nos organizar dentro dos estádios para combater o fascismo, o racismo e a homofobia. Agora, acionamos nossas torcidas, tanto do Grêmio, como do Internacional, para fazer frente aos atos dos bolsonaristas e estaremos, na medida do possível, nas ruas”, salientou Patrícia.

“Os estádios são espaços em disputa, como os movimentos dentro das igrejas e das associações de moradores. São espaços que aos poucos a esquerda está retomando. Apesar das diferenças, a luta contra o fascismo é o que nos une”, destacou.   

Barrar o genocídio e defender o emprego, a renda e a democracia

Para o presidente da CUT-RS, “Bolsonaro é um genocida e apresenta risco para a democracia e o futuro do Brasil, para o emprego e a renda e, sobretudo, para a vida das pessoas”.

“Se temos fundamentos jurídicos suficientes para cobrar o seu impeachment, precisamos agora consolidar a maioria social para retirá-lo do cargo, e as manifestações de rua que vimos nas últimas semanas mostram que estamos no caminho certo para isso”, salientou Amarildo.

Assista à transmissão da CUT