Bolsonaro critica lockdown de Araraquara e leva invertida do prefeito Edinho Silva
Bolsonaro fez uma postagem no Twitter dizendo que Ceagesp estava enviando alimentos para as vítimas da política do fiquem em casa. Podia ajudar sem humilhar as pessoas, respondeu Edinho
Publicado: 30 Abril, 2021 - 10h15 | Última modificação: 30 Abril, 2021 - 10h57
Escrito por: Redação CUT
No dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 400 mil mortes por Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) postou no Twitter uma provocação para tentar atingir o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), o primeiro a decretar um lockdown rígido para salvar vidas.
O trabalho de Edinho no combate a pandemia foi, inclusive, destaque no jornal francês Libération, que afirmou que o município estava “na vanguarda do combate à crise sanitária justamente por adotar uma estratégia rígida de restrição de circulação. E agora colhe frutos, com redução de infecções, internações em UTI e de mortes”.
Mas, não é isso que importa a Bolsonaro, negacionista da pandemia e defender da abertura custe o que custar as famílias brasileiras. Às 4h35 desta quinta-feira (29), Bolsonaro anunciou na rede social que a Ceagesp estava enviando alimentos à Araraquara, com o apoio do Exército, “para aqueles vitimados pela política do ‘fiquem em casa que a economia a gente vê depois’”, disse se referindo aos 21 dias de lockdown decretado pelo prefeito em fevereiro, para evitar que o sistema de saúde do município entrasse em colapso, reduzindo a contaminação e, consequentemente as mortes, como de fato ocorreu na cidade.
- Nesse momento, comboio parte da CEAGESP rumo a Araraquara/SP, levando alimentos para aqueles vitimados pela política do "fique em casa que a economia a gente vê depois."
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 29, 2021
- Nossos parabéns ao Coronel Mello Araújo, permissionários da CEAGESP, @exercitooficial e @PMESP . pic.twitter.com/SDiLraPV5k
Bolsonaro poderia ajudar as pessoas que têm fome, mas sem humilhá-las publicamente, obrigando-as a ficar em uma fila de madrugada para pegar alimentos doados uma única vez pelo governo, reagiu o prefeito de Araraquara, que salientou: só teremos estabilidade econômica se conseguirmos controlar a pandemia.
E isso a Nova Zelândia já comprovou: com lockdown de 40 dias, o país controlou a epidemia e reaqueceu a economia.
Em um vídeo postado nas redes sociais, o prefeito disse: "Não existe contradição entre vida e economia. A nossa economia só vai recuperar quando nós tivermos estabilidade para que os investidores acreditem e voltem a investir”.
A fome se combate todo dia, sem humilhar as pessoas que precisam. Confira:https://t.co/Ucrb5ARrBc
— Edinho Silva (@edinhosilva) April 29, 2021
“A estabilidade só existirá quando nós tivermos controle sobre a pandemia. E o controle só existirá quando nós tivermos vacinação acelerada ou quando nós diminuirmos as contaminações por meio do distanciamento social", completou Edinho no vídeo.
"Qualquer ação para ajudar a população é bem vinda, como essa ação que atendeu famílias de Araraquara e de toda a região. Essa ação pode ser elogiada, mas o que eu quero dizer aqui é que Araraquara faz combate à fome com políticas públicas instituídas, organizadas. E tudo isso acontece sem humilhar ninguém, sem que as pessoas precisem dormir em fila. Todos esses alimentos que foram distribuídos hoje poderiam chegar às mesmas famílias usando as entidades e a rede pública existente e as pessoas não precisariam se expor ao Sol, há horas em fila, sendo filmadas, sendo expostas", afirmou.