Escrito por: Redação CUT
Na Cúpula, constrangido, isolado e ignorado pelos demais presidentes do G20, Bolsonaro tentou conversar, sem sucesso, com os garçons. Nas ruas, seguranças empurram e dão socos em jornalistas
Isolado e ignorado pelos demais presidentes que estão em Roma para participar da 16ª Cúpula do G20, na Itália, Jair Bolsonaro (ex-PSL) tentou, no domingo (31), conversar com garçons sem muito sucesso e acabou em um canto com membros da sua equipe enquanto líderes do mundo inteiro trocavam informações importantes para seus países, como relatou o colunista do UOL, Jamil Chade, um dos jornalistas agredidos pelos seguranças do presidente horas depois.
O presidente brasileiro não teve nenhuma agenda de trabalho com líderes mundiais como os demais comandandes dos países do G-20 e também não vai, como os outros participar da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), Glasgow, na Escócia.
A Bolsonaro restou o de sempre, passear pelas ruas da cidade, procurando apoiadores, mas quando ouvia gritos mais fortes de “genocida” e “assassino”, como na saída da Embaixada onde estava hospedado, voltava para o carro. Na Itália, o brasileiro também fez o que faz todos os dias por aqui: hostilizou jornalistas. Mas os homens, italianos e brasileiros, que faziam a sua segurança foram além de hostilizar. Eles agrediram fisicamente profissionais da imprensa.
Um deles deu um soco no estômago e empurrou o correspondente da TV Globo, Leonardo Monteiro, após o jornalista perguntar porque o chefe do Executivo não foi ao encontro do G20 pela manhã, ao que Bolsonaro respondeu: “É a Globo? Você não tem vergonha na cara. (...) Vocês não têm vergonha na cara, rapaz”.
Em outro momento, os seguranças empurraram, torceram o braço e levaram o celular do repórter Jamil Chade, que filmava a agressão contra Leonardo Monteiro. Instantes depois, o segurança jogou o aparelho telefônico em um canto da rua.
Enquanto isso, Bolsonaro seguia em frente sem olhar para os lados, como se nada estivesse acontecendo.
A repórter da Folha de S. Paulo, Ana Estela de Sousa Pinto foi uma das que foram agredidas pelas seguranças mais de uma vez. A primeira delas, diz em reportagem publicada nesta segunda-feira (1º) aconteceu por volta das 16h55 (horário local), quando o presidente ainda estava dentro da embaixada brasileira. Segundo a jornalista, um agente que não quis se identificar a empurrou, dizendo que ela devia se afastar do local. A repórter da Folha foi empurrada ainda outras três vezes, embora tenha estado em locais públicos, onde não deveria haver nenhuma restrição ao trabalho da imprensa.
Protestos contra título em Anguillara Veneta
Em Anguillara Veneta, no norte da Itália, aproximadamente 200 pessoas participaram de um protesto nesta segunda-feira (1º) contra a concessão de cidadão honorário, aprovada pela Câmara Municipal, para Bolsonaro.
Na semana passada, a sede da prefeitura foi pichada com a frase "Fora Bolsonaro" e vandalizada com esterco de porco por um grupo de ambientalistas contrários ao presidente.
O vereador de oposição Antonio Spada afirmou, nesta segunda, que a “a cidadania é inoportuna porque as posições de Bolsonaro não espelham os valores de nossa Constituição".
O padre Massimo Ramundo disse que Bolsonaro “não se ocupa da defesa das minorias, a partir dos indígenas da Amazônia. E o Papa não se cansa de nos lembrar da importância do bem comum, enquanto Bolsonaro faz o que quer na Amazônia".