Bolsonaro depõe por três horas à Polícia Federal sobre joias sauditas
Durante o período em que ficou frente a frente com os delegados, Bolsonaro foi questionado sobre os kits de joias recebidos do governo da Arábia Saudita
Publicado: 06 Abril, 2023 - 10h05 | Última modificação: 06 Abril, 2023 - 15h53
Escrito por: RBA
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nessa quarta-feira (5) por cerca de três horas na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília. Durante o período em que ficou frente a frente com os delegados responsáveis pelo caso, Bolsonaro foi questionado sobre os kits de joias recebidos do governo da Arábia Saudita em visita oficial ao país durante seu mandato. Somente um dos kits com joias femininas está avaliado em R$ 16,5 milhões.
O teor do depoimento está em sigilo e não foi divulgado, mas alguns trechos forma revelados por seus adovgados de defesa. Bolsonaro afirmou que ficou sabendo da existência do conjunto das joias apenas um ano depois da chegada delas ao Brasil e que não se lembra de quem o comunicou sobre sua existência. Ele disse que sempre tentou verificar a regularidade das ações e que agiu para tentar evitar um "vexame diplomático" com a Arábia Saudita.
Para o depoimento de Bolsonaro, a área em frente à PF foi isolada e um forte esquema de segurança foi montado com homens da corporação e da Polícia Militar. Não houve manifestação de apoiadores em frente ao edifício.
Ainda na quarta-feira, a defesa de Bolsonaro informou ter devolvido, no dia 4, a terceira caixa de joias recebida da Arábia Saudita em 2019. As joias foram entregues à Caixa Econômica Federal.
Os advogados de Bolsonaro já haviam devolvido o segundo estojo, também por ordem do TCU, que contém um relógio, uma caneta, abotoaduras, um anel e um tipo de rosário da marca suíça Chopard, avaliados em R$ 500 mil.
As joias não foram declaradas à Receita Federal quando ingressaram no país. Presentes de alto valor a autoridades brasileiras devem ser incorporadas ao acervo da União e não tomados como pessoais. Apenas brindes como camisetas, bonés e outros podem ser pessoais.
Joias e privatização
Por conta desse caso das joias, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) acionou o Ministério Público Federal para investigar eventual relação entre as joias e a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia.
Do mesmo modo, a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado, presidida por Omar Aziz (PSD-AM), também investiga a suspeita de propina envolvendo a Rlam.
A refinaria da Petrobras foi vendida a um fundo dos Emirados Árabes, em dezembro de 2021, pela metade do seu valor de mercado.
As joias femininas, entre outras joias, chegaram ao Brasil um mês antes da conclusão do negócio. De acordo com os petroleiros, a própria Petrobras aguarda a renovação do Conselho de Administração, no final deste mês, para também abrir investigação sobre o caso.