Bolsonaro é culpado pela pelo alto preço do diesel, diz petroleiro; entenda por que
Pela primeira vez desde 2004, litro do diesel é maior do que o da gasolina. Petroleiro Roni Barbosa explica que, entre os motivos estão o PPI e o desmonte da Petrobras
Publicado: 28 Junho, 2022 - 17h08 | Última modificação: 30 Junho, 2022 - 14h52
Escrito por: Redação CUT
A culpa pela disparada dos preços do óleo diesel é, sim, do governo de Jair Bolsonaro, afirmou o petroleiro Roni Barbosa, secretário de Comunicação da CUT Nacional, nesta terça-feira (28), expicando a relação entre o desmonte da Petrobras e a escalada de preços dos combustiveis que criou uma situação inusitada no país: hoje, a gasolina custa mais do que o diesel.
O preço do litro de óleo diesel S10 subiu 51,04% em 12 meses e os preços cobrados nas bombas, pela primeira vez, superaram os da gasolina. Na semana passada, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro do óleo diesel foi de R$ 7,568 - em Cruzeiro do Sul (AC), o produto chega a R$ 8,950 por litro. Já o litro da gasolina foi de, em média, R$ 7,390. O preço mais alto foi encontrado em São Paulo, R$ 8,890 por litro.
“Se Bolsonaro tivesse concluído as obras das refinarias que estavam em construção, o Brasil seria quase autossuficiente em diesel”, afirmou Roni Barbosa.
De acordo com o petroleiro, hoje, 25% do consumo de diesel tem que ser importado por causa da decisão do governo Bolsonaro de não terminar de construir as refinarias, aprofundando o desmonte da Petrobras que teve início no governo de Michel Temer, que também é o culpado pela criação da política de Preços de Paridade de Importação (PPI), principal responsável pela alta geral do preço dos combustíveis e do gás de cozinha. O PPI foi mantido intacto por Bolsonaro.
Na avaliação de Roni, além de manter o PPI, Bolsonaro investiu mais ainda no desmonte da estatal ao, por exemplo, vender a BR Distribuidora, que ajudava a regular os preços; parou as obras de novas refinarias planejadas nos governos Lula e Dilma; e reduziu a produção nas refinarias já existentes, que ainda foram colocadas à venda.
“No governo Bolsonaro, as refinarias da Petrobras deixaram de refinar petróleo aqui no Brasil, ficaram ociosas, chegaram a operar com menos de 70% de sua capacidade, sendo que a demanda não diminuiu”, afirmou o petroleiro.
Com isso, o país passou a importar cada vez mais e hoje tem quase 400 empresas trazendo combustível de fora, especialmente dos Estados Unidos. “Hoje, nós temos um preço igual ao de um país que não tem nenhuma gota de petróleo nem refinarias. Estamos vivendo um paradoxo sem tamanho, que precisa ser mudado imediatamente”, alertou.
Todo esse processo beneficia poucos e pune a população de forma cruel, explicou Roni Barbosa. “Isso tem feito com que a Petrobras tenha lucros altíssimos. Ano passado, deu R$ 106 bilhões de lucro. Para que isso? Se estivessem reinvestindo no Brasil, construindo refinarias, investindo na prospecção, achando novas reservas, aí talvez até justificasse ter um preço um pouco mais alto, mas não nessa estratosfera como está hoje. Mas não, a maioria desse lucro da Petrobras está sendo distribuído para os acionistas, que hoje a maio parte é de estrangeiros. Acabam indo para fora do Brasil esses recursos.”
Além disso, como o Brasil importa, acaba gerando empregos nas refinarias dos Estados Unidos e não no Brasil. E, para piorar, aumenta a inflação internamente.
“Quem perde é a população, porque o combustível é o ponto inicial do preço dos alimentos e de todos os outros setores. Ele puxa a inflação. Então, boa parte da inflação hoje no Brasil está sendo puxada pelo preço dos combustíveis, que é o próprio governo que controla”, esclareceu.
Venda de refinarias piora o problema
Roni Barbosa disse ainda que o discurso do governo de que a venda das refinarias existentes fará o preço cair é pura mentira, pois essas fábricas foram construídas para garantir o abastecimento do país e nnao para competir entre si. Assim, há uma refinaria para cada região-chave do país, mas não há nenhuma outra capaz de competir com ela.
Uma prova disso já pode ser observada na Relam, refinaria da Bahia já vendida a um grupo árabe. Como ela domina o mercado baiano, tem cobrado o preço que quer, fazendo os baianos pagarem cerca de 10% a mais pelo combustível em comparação à média no Brasil.
“A venda fatiada das refinarias vai produzir monopólios privados em cada um dos mercados em que essas refinarias atuam. Vão transformar um mercado que hoje pertence à Petrobras, que é uma empresa estatal, em mercados privados sem concorrência. A população ficará refém de monopólios privados”, concluiu.