Bolsonaro está exterminando programa de construção de cisternas criado por Lula
Investimento para construção do equipamento, usado para armazenar água de chuva para beber e cozinhar, caiu 73% em 2020 em relação a 2019 e 94% em relação a 2014
Publicado: 12 Março, 2021 - 10h59 | Última modificação: 30 Janeiro, 2023 - 15h44
Escrito por: Redação CUT
Em 2020, um ano após Jair Bolsonaro (ex-PSL) assumir a presidência da República, a construção de cisternas, o maior programa de armazenamento de água de chuva para beber e cozinhar do país, chegou ao pior patamar de investimento desde sua criação, há 17 anos.
No ano passado foram construídas apenas 8.310 cisternas , o que equivale a uma queda de 73% em relação a 2019 —quando foram 30.583 equipamentos construídos, o menor número do programa para um ano até então.
Em 2014, esse número chegou a 149 mil, o que representa uma queda de 94% nos últimos seis anos, segundo dados compilados pelo portal UOL.
Criado pelo governo do ex-presidente Lula, em 2003, para resolver o drama da seca no sertão nordestino, o programa construiu e entregou para a comunidade cerca de 1,2 milhões de cisternas para consumo humano até 31 de agosto de 2016, último ano do governo da presidenta Dilma Rousseff, destituída após o golpe de estado. Cerca de 5 milhões de brasileiros foram beneficiados.
De acordo com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), pelo menos 350 mil famílias aguardam na fila de espera pelas cisternas e mais de 800 mil precisam do equipamento para a produção de alimentos e criação de animais, como explica a integrante da coordenação-executiva da entidade, Glória Batista, em entrevista ao Brasil de Fato.
“Nós estamos, cada vez mais, com o recurso público reduzido para a construção de cisternas e de tecnologias sociais de captação e de estocagem de água. O acesso à água não está resolvido. É preciso continuar lutando por água. Água é direito, é um patrimônio do povo, é um bem comum. A água tem que chegar até as pessoas”.
O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) chegou a ser premiado pela ONU e se tornou uma referência internacional como projeto de democratização do acesso à água. Glória Batista ressalta que o programa é um marco histórico do Semiárido.
“O ano de 2003 foi um marco na história do Semiárido brasileiro. Antes, a água, que é um direito, sempre foi destinada às grandes propriedades, ao latifúndio. Era pra lá que iam os investimentos públicos".
Além de serem usadas para beber e cozinhar, a água armazenada nas cisternas também geraram impactos positivos na produção agrícola e geração de renda da região.
A família da agricultora Carla Maria, de Bom Jardim, no agreste pernambucano, foi uma das beneficiadas pelo programa. "Através desse programa, muita coisa mudou. Nossa vida melhorou bastante".
Maria conta que, para além de usar a água captada para beber e cozinhar, a família a utiliza na produção de queijos. "A gente sempre fez queijo, então minha mãe tirava a água também para lavar os queijos”.
Confira aqui a íntegra da reportagem do BdF Pernambuco