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Bolsonaro estimula discriminação contra pessoas soropositivas superada há 30 anos

Cientista política avalia que fala de presidente sobre pessoas soropositivas promove a discriminação de grupos sociais e é incompatível com o cargo

Publicado: 06 Fevereiro, 2020 - 15h24 | Última modificação: 06 Fevereiro, 2020 - 15h28

Escrito por: Redação RBA

DIVULGAÇÃO/PR
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Ao manifestar seu preconceito contra pessoas que vivem com HIV/Aids, o presidente Jair Bolsonaro não só estimula a discriminação como retoma ideias superadas há mais de 30 anos, que podem levar outras pessoas a não se proteger contra infecção pelo vírus e outras doenças sexualmente transmissíveis (IST).

Essa é a avaliação da cientista política Rosemary Segurado, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual. Ontem, Bolsonaro disse que pessoas soropositivas são “uma despesa para todos no Brasil”.

“São manifestações que não condizem com o cargo. A Presidência da República é um cargo de acolhimento da população, não de discriminação de setores da população. Nós sabemos que por aí vem embutido um preconceito que já tinha sido superado. Quando o HIV/Aids começou a ganhar os noticiários, era associado a um câncer gay, que só as populações homossexuais contraíam o vírus. Isso fazia com que as pessoas, no geral, não se protegessem contra as formas de contaminação, sobretudo pelo ato sexual”, avaliou Rosemary.

No ano passado, o governo Bolsonaro rebaixou o Departamento de IST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde para parte de um setor mais amplo chamado Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. A medida revoltou ativistas, pessoas que vivem com a doença, que consideraram a mudança muito grave, por tirar do departamento a autonomia para a execução de políticas públicas.

Para Rosemary, as ações do governo no campo da saúde e da sexualidade vão na contramão dos avanços obtidos nos últimos anos, como no caso da proposta de estimular a abstinência sexual entre os jovens.

“Para falar disso, tem que dizer o que é a sexualidade para as crianças, os jovens, os adolescentes. É papel das famílias? Certamente. Mas também é papel da escola, para orientar adequadamente, dizer quais são os métodos de prevenção. Obviamente esse tipo de política não funciona. É lamentável tanto do ponto de vista da política pública, quanto do retrocesso em relação a temáticas que poderíamos estar avançando”, afirmou.