Bolsonaro faz evento “Brasil vencendo a Covid” e ignora as 114 mil vidas perdidas
Neste domingo (23) o Ministério da Saúde informou mais 23.421 novos casos confirmados e 494 novas mortes por Covid-19 em 24 horas. País ultrapassou a triste marca de 114 mil vidas perdidas
Publicado: 24 Agosto, 2020 - 11h31 | Última modificação: 24 Agosto, 2020 - 11h42
Escrito por: Walber Pinto
No dia em que o Brasil completa 100 dias sem ministro da Saúde, totaliza 114.744 mortes pela Covid-19 e 3.605.783 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) participa, nesta segunda-feira (24), do evento “Brasil vencendo a Covid-19”, no Palácio do Planalto.
O evento acontece no momento em que o país registra alto número de mortes mesmo tendo completado cinco meses depois do início da pandemia, sem que o governo federal tenha coordenado uma ação nacional de combate a maior emergência sanitária de todos os tempos. Somente neste domingo (23), o Ministério da Saúde informou 23.421 novos casos confirmados em 24h e 494 novas mortes no mesmo período.
A média de mortes nos últimos sete dias é de 985, considerada estável, porém com números elevados. Os números dos finais de semana costumam ser menores devido ao atraso da contagem nas secretarias estaduais de Saúde que dependem de laboratórios que fecham ou diminuem as equipes nos sábados e domingos.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro deu diversas declarações polêmicas minimizando a pandemia. Falou que o vírus estava sendo superdimensionado, que era apenas uma gripezinha, apareceu sem máscara em diversas ocasiões, apertou mãos de apoiadores, provocou aglomerações, ficou contra os governadores por terem adotado a flexibilização do setor econômico, disse que não era coveiro quando o número de mortes começou a aumentar e diz que todo mundo morre mesmo, fazendo pouco caso das vidas perdidas e do drama das famílias.
Sob comando interino do general Eduardo Pazuello, após demissão do segundo ministro da Saúde, Nelson Teich, o número de casos e mortes de coronavírus explodiu no país. Quando Pazuello assumiu a pasta, em 15 de maio, o Brasil registrava 14.817 mortes por Covid-19 e 218.223 casos confirmados, de acordo com o balanço do próprio Ministério da Saúde. Mais de três meses depois, tanto o número de casos e óbitos mais que sextuplicou.
O Brasil é o segundo no mundo em números absolutos de casos e mortes, atrás apenas dos Estados Unidos que têm números piores, com quase 175 mil mortos e mais de 5,6 milhões de casos, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
No mundo, o número de mortes pelo novo coronavírus ultrapassou 800 mil, segundo relatório da universidade divulgado neste domingo (23). O total de casos passou de 23 milhões. Mais da metade dos óbitos mundiais registrados no levantamento ocorreram em quatro países: Estados Unidos (176.659), Brasil (114.250), México (60.254) e Índia (56.706).
Casos e mortes aumentam no RJ
Depois de dois meses em queda, o estado do Rio voltou a apresentar crescimento da média móvel de mortes maior que 15% em comparação com duas semanas atrás. Neste domingo, a média móvel aumentou cerca de 43%, em comparação há 14 dias. Nas últimas 24 horas foram confirmados 484 novos casos e 25 óbitos, todos na capital.
Nas últimas 24 horas foram confirmados 348 novos casos e 25 novos óbitos na cidade do Rio de Janeiro. Ao todo a capital acumula 9.231 vítimas fatais e 86.767 pessoas infectadas pelo coronavírus.
O Rio já acumula 15.292 óbitos e por Covid-19 desde o início da pandemia e mais de 210 mil pessoas infectadas pela doença.
DF
Apesar do aumento de casos e mortes pelo novo coronavírus no Distrito Federal foram realizados eventos clandestinos com aglomerações neste sábado (22). A capital vive um dilema no método de divulgação de óbitos pela Covid-19 nos boletins publicados ao fim do dia. A medida foi anunciada pelo governador na última quarta-feira (19)).
No entanto, especialistas alertam que a medida provoca uma "falsa sensação de segurança à população". Desde o início da pandemia, a capital registra 148.037 infectados e 2.266 mortes provocadas pela covid-19.
Como estão os estados
Apresentam aumento da média móvel de mortes cinco estados: Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Tocantins.
Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Acre, Pará, Rondônia e Paraíba aparecem com estabilidade porque não registraram variação maior que 15% para mais ou para menos na comparação das médias móveis com as de 14 dias atrás
Onze estados estão com redução na média diária de mortes: Santa Catarina, Mato Grosso, Amazonas, Amapá, Roraima, Alagoas, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Sergipe.