Escrito por: Redação CUT
Em entrevista a IstoÉGente, em 2000, ele defendeu o aborto ao contrário da pregação atual. Disse ainda que, sua primeira experiência foi com uma garota de programa e que, embora católico, raramente ia à Igreja
Depois da definição de que vai ter segundo turno entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato á reeleição, para escolha do novo presidente da República, internautas recuperaram falas do atual presidente defendendo o aborto, ao contrário da pregação atual de que é visceralmente contrário.
A revista IstoÉ Gente expôs ainda mais a contradição do presidente republicando, nesta terça-feira (4), a íntegra de uma entrevista que Bolsonaro deu à repórter Cláudia Carneiro, em fevereiro de 2000, onde ele defende o aborto, diz que sua primeira experiência sexual foi com uma garota de programa e que, embora católico, raramente ia à Igreja.
"Tem que ser uma decisão do casal", afirmou ele em 2000, ao contrário do que diz agora. A jornalista então perguntou se Bolsonaro já tinha passado por alguma situação que exigisse essa definição.
"Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi de manter. Está ali, ó", respondeu o presidente, apontando para uma foto de Jair Renan, o filho mais novo que ele teve com Ana Cristina Valle, que foi candidata ao cargo de deputada distrital no Distrito Federal, mas não foi eleita.
Em ato em Belém (PA), em setembro deste ano, Bolsonaro declarou o contrário na tentativa de atingir o ex-presidente Lula (PT), lembra a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S Paulo. "O Estado pode ser laico, mas o presidente é cristão. E nós, diferentemente do outro candidato, nós defendemos a vida desde a sua concepção. Nós dizemos 'não' ao aborto".
Questionado pela milionéssima vez sobre o assunto, Lula disse: “Eu sou contra o aborto. Eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto”.
O petista ressaltou, no entanto, que é preciso transformar essa questão do aborto numa questão de saúde pública. “Mesmo eu sendo contra o aborto, ele existe, e existe de forma diferenciada. Quando ele se dá numa pessoa que tem um poder aquisitivo bom, essa pessoa procura uma clínica boa, quem sabe viaja para o exterior e vai cuidar de se tratar. E a pessoa pobre? Como é que ela faz?”, questionou.
Lula disse ainda que o Estado não pode abandonar mulheres que passem por aborto. “Essas pessoas pobres que por ‘n’ razões abortam, e eu não quero saber por que elas abortam, o Estado tem que cuidar. Não sei qual o mau entendimento que as pessoas têm disso. É apenas uma questão de bom senso. Ele [aborto] existe, por mais que a lei proíba, por mais que a religião não goste. Ele existe e muitas mulheres são vítimas disso”, declarou.
As mulheres pobres morrem no país “tentando fazer aborto porque é proibido, o aborto é ilegal”, concluiu o ex-presidente.