Escrito por: Redação RBA

Bolsonaro mente sobre aumentar salário dos professores e alfabetização infantil

Segundo CNTE, a correção salarial de 33% não é fruto de política bolsonarista e sim da Lei do Piso, sancionada por Lula. Outra mentira é dizer que vai alfabetizar crianças com aplicativo de celular

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O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) mente ao dizer que concedeu neste ano “o maior aumento” da história aos professores, da ordem de 33%. E também sobre as causas do atraso escolar de grande parte dos estudantes devido ao fechamento das escolas na pandemia. Já em relação ao método que pretende aplicar para recuperar o aprendizado, que se resume a um aplicativo para celular, Bolsonaro estaria também faltando com a verdade.

Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), entidade que representa mais mais de 4,5 milhões de profissionais na rede pública de ensino infantil, fundamental e médio, o propalado aumento salarial histórico não é fruto de suas políticas. E sim consequência da Lei 11.738/2008, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje seu oponente. Trata-se da conquista mais substancial do magistério público brasileiro nas últimas décadas.

Essa lei, aliás, tem sido questionada por prefeitos e governadores desde então. E o pagamento tem sido mantido nos últimos 11 anos devido a decisões favoráveis aos professores no Supremo Tribunal Federal (STF). Na mais recente, no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4.848, de março de 2021, foi fixada a seguinte tese em relação ao tema: “É constitucional a norma federal que prevê a forma de atualização do piso nacional do magistério da educação básica”.

Mentiras de Bolsonaro envolvendo a alfabetização de crianças

Em debate na noite do domingo (16), transmitido pela Band e órgãos parceiros, como o portal UOL, jornal Folha de S.Paulo e TV Cultura, Bolsonaro mentiu também sobre as causas do atraso escolar das crianças mais pobres a partir da pandemia, afirmam os representantes dos trabalhadores. Ele atribuiu a responsabilidade ao governo de Lula. Que, por sua vez, perdeu a oportunidade de lembrar que foi justamente o governo bolsonarista que negou recursos para que essas crianças tivessem acesso a recursos para o ensino pela internet.

Além disso, Bolsonaro mente ao reduzir o complexo processo de alfabetização, que traz consigo as diferenças de ritmo de aprendizado, ao domínio de um aplicativo para celular que é considerado um dos grandes avanços educacionais do Ministério da Educação (MEC), o GraphoGame. Como se todas as crianças no Brasil, principalmente aquelas que necessitam de mais investimentos educacionais para suprir as desigualdades, tivessem um celular.

Desmonte do setor público

“A proposta de disseminar aplicativos para a alfabetização não só é um desrespeito com os/as estudantes e os/as profissionais da educação, como denuncia a intenção do atual governo em dar sequência ao desmonte da educação pública, intensificado durante a pandemia da Covid-19. Naquela ocasião, segundo os recentes resultados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), as classes de alfabetização foram as que mais sofreram com o fechamento necessário, em todo o mundo, e não somente no Brasil, das escolas para evitar mais mortes”, alerta ainda a CNTE.

Como lembra a confederação, a alfabetização de crianças, que constitui um dos processos da aprendizagem escolar, compreendido por habilidades, interações e contextos socioeducativos, é uma etapa fundamental da formação dos estudantes e uma responsabilidade dos profissionais das ciências pedagógicas.

Por isso, não basta excelência na formação dos educadores e valorização da categoria, acrescenta a entidade. É preciso investimento nas escolas, o que tem sido negligenciado em boa parte do país. Em vez disso, o governo promove sucessivos cortes orçamentários no Ministério da Educação, que comprometem o transporte, a merenda escolar e a aquisição de livros didáticos, entre outros materiais imprescindíveis para a qualidade da alfabetização e da educação pública em geral. E Bolsonaro mente como se a responsabilidade não fosse de seu governo, conclui.