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Bolsonaro nega corrupção no governo pela 209ª vez, mesmo com prisão de ex-ministro

A primeira vez em que Bolsonaro recorreu à alegação foi em dezembro de 2019, depois de a PF indiciar o ex-ministro do Turismo, que seria o articulador do esquema, que ficou conhecido como “laranjal”

Publicado: 23 Junho, 2022 - 11h40 | Última modificação: 23 Junho, 2022 - 11h58

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, por participação em um suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação (MEC), nesta quarta-feira (22), desmonta definitivamente a falácia de que não existe corrupção no governo federal, como tenta reforçar o novo bordão da equipe de marketing do presidente Jair Bolsonaro (PL), que diz: “Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração. Ninguém segura esta nação”.

Mesmo assim, o presidente continua afirmando que a corrupção em seu governo é zero, como disse ontem em entrevista à rádio Itatiaia.

De acordo com o site Aos Fatos, que checa as falas do presidente, essa é a alegação falsa mais repetida por Bolsonaro. Ele já disse ao menos 209 vezes, desde 2019, que em seu governo não tem corrupção.

De acordo com o site, só na segunda metade de outubro de 2020, a declaração falsa foi repetida nove vezes. No dia 14 daquele mês, o então vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (União-RR), foi flagrado com cerca de R$ 30 mil na cueca em operação da PF que apurava desvios de recursos públicos destinados ao combate à pandemia de Covid-19 em Roraima.

A realidade é que as denúncias ou fatos que apontam para desmandos do presidente que se elegeu prometendo acabar com a corrupção se acumulam. Confira levantamento de outras denúncias de corrupção feitas pela equipe da Rede Brasil Atual:

Laranjal

A primeira vez em que Bolsonaro recorreu à alegação foi em dezembro de 2019,  no primeiro ano do seu mandato, dois meses depois de a PF indiciar o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG), então ministro do Turismo, alvo de uma investigação que apurava o crime eleitoral de omissão de prestação de contas e o crime de associação criminosa e uso de laranjas para desvio de recursos. Segundo a investigação, o ex-ministro seria o articulador do esquema, que ficou conhecido como “laranjal”.

À época, o presidente dizia completar 11 meses de gestão sem irregularidades. Apesar das denúncias, mantido no cargo, ele só foi demitido no final de 2020.

Ricardo Salles

Um dos mais arrogantes e agressivos aliados de Bolsonaro, o então ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, foi acusado em abril de 2021 de sabotar fiscalização ambiental e atrapalhar apurações da Operação Handroanthus, da Polícia Federal, em nome de interesses de madeireiros investigados por extração ilegal na Amazônia.

Notícia-crime da PF enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) apontava Salles como membro de organização criminosa. A Operação Handroanthus apreendeu mais de 130 mil metros cúbicos de madeira em toras na divisa de Pará e Amazonas, cerca de 6,4 mil caminhões. Salles pediu demissão do cargo há um ano.

CPI da Covid

Durante o ano de 2021, o Senado Federal realizou a CPI da Covid, que escancarou o escândalo envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, superfaturada durante a gestão do general Eduardo Pazzuelo no Ministério da Saúde. O relatório final da comissão acusa Bolsonaro de nove crimes, entre os quais emprego irregular de verba pública, do artigo 315 do Código Penal. O relatório foi enviado ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, em fevereiro deste ano.

No âmbito da CPI, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias seria o mentor de esquema de propina de US$ 1 por dose, para autorizar a compra de vacinas da AstraZeneca. Dias foi o único a receber ordem de prisão na CPI.

Orçamento secreto

Em maio de 2021, o jornal O Estado de S. Paulo denunciou o chamado “orçamento secreto”, em que um esquema organizado por Bolsonaro e aliados do Centrão “alimenta” sua base no Congresso Nacional, principalmente na Câmara. Antes de ser eleito, para agradar o eleitorado, o hoje presidente definiu o Centrão como “a nata do que há de pior no Brasil”.

As emendas negociadas e liberadas para deputados aliados eram, no momento da denúncia, destinadas à compra de tratores e equipamentos agrícolas cerca de 260% mais caros do que os valores de referência do próprio governo.

MEC

O Ministério da Educação do próprio Milton Ribeiro é envolvido em um dos mais graves casos de corrupção do atual governo. Em vez de educadores ou pessoas da área, os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura eram as pessoas mais influentes na pasta. Eles intervinham no ministério em favor de municípios para liberação dos recursos em troca de propinas. Os pastores viajavam em voos da FAB e “abriam as portas” do ministro Ribeiro, que é ouvido em áudio afirmando que seguia determinação de Bolsonaro em relação aos pastores.

Casos de família

Em sua página na internet, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) elenca casos de corrupção – mais do que ao governo – relacionados diretamente à família Bolsonaro, pais e filhos principalmente. Como o do conhecido como “rachadinha”, quando o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) era deputado na Assembleia do Rio. Também destaca o cheque de R$ 24 mil do ex-assessor do filho “zero 1” do presidente, Fabrício Queiroz, que teria sido depositado na conta da então futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.   

Sâmia cita ainda a “expressiva evolução patrimonial” da família Bolsonaro, com 13 imóveis que somam cerca de R$ 15 milhões em preço de mercado, a maioria em pontos altamente valorizados do Rio de Janeiro. Em 2021, lembra a deputada, Flávio comprou uma mansão em Brasília por R$ 6 milhões.

O PortalCUT publicou em setembro do ano passado, uma lista dos supostos crimes cometivos pela família, confira aqui.