Escrito por: Redação CUT
Kit contém vários objetos valiosos como um relógio Rolex em ouro. Ex-presidente determinou que a caixa ficasse sob sua posse. Polícia Federal investiga o caso
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu e não devolveu um terceiro presente do governo da Arábia Saudita, em joias avaliadas em R$ 500 mil. A caixa contém um relógio Rolex, cravejado de diamantes, como objeto mais valioso do conjunto e vem com o brasão de armas do país. Além do relógio, o ‘kit’ tem uma caneta da marca Chopard, com pedras preciosas, um par de abotoaduras, também com um brilhante cravejado, um anel com um diamante, e uma mashaba (espécie de rosário árabe). Todos os objetos são feitos de ouro branco.
A joias estão avaliadas em mais de R$ 500 mil e foi recebida em mãos pelo ex-presidente, em outubro de 2019, quando ele e sua família visitaram o Catar e a Arábia Saudita, de acordo com a reportagem do Estadão que publicou a denúncia, nesta terça-feira (28).
Na volta da viagem, Bolsonaro teria trazido consigo o conjunto e ao chegar no Brasil, determinou que fosse encaminhado ao seu acervo privado. A informação foi confirmada pelo Gabinete Adjunto de Documentação História da Presidência. No entanto, um ano e meio depois, em julho do ano passado, o ex-presidente determinou que a caixa fosse enviada a ele e, de acordo com os registros oficiais, as joias passaram a estar ‘sob a guarda do Presidente da República”.
A caixa, hoje, se encontra em um galpão com outros materiais levados por Bolsonaro ao deixar a presidência. A Polícia Federal investigará o caso sob a suspeita de peculato, crime que se caracteriza quando um funcionário público, no caso o ex-presidente, se apropria ou desvia em benefício próprio, de dinheiro, valores ou quaisquer outros bens móveis.
A PF também analisará todos os bens valiosos recebidos pela presidência durante a gestão Bolsonaro.
Presentes de milhões
Este terceiro presente não declarado se soma às joias que seriam destinadas a sua mulher, Michelle Bolsonaro, no valor estimado de R$ 16,5 milhões, e à outra caixa recebida pelo o ex-presidente com itens da marca de luxo suíça Chopard composto de: 1 masbaha (espécie de rosário); 1 relógio com pulseira em couro; 1 par de abotoaduras; 1 caneta; e 1 anel. Esses dois últimos presentes foram devolvidos ao acervo da União, após o escândalo vir a público. A legislação diz que presentes que não sejam pessoais, como canetas e camisetas devem ser incorporados ao acervo da União.
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Suspeição
Uma investigação para apurar se o presente milionário de R$ 16,5 milhões é algum tipo de contrapartida no negócio envolvendo a refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, que pertencia a Petrobras, foi solicitada pela Federação Única Petroleiros (FUP) ao Ministério Público Federal (MPF).
Na representação para abertura de inquérito civil público e ação judicial encaminhada ao MPF na terça-feira (7), a FUP destaca que em 30 de novembro de 2021 a Petrobras anunciou a venda da RLAM, pouco mais de um mês após viagem do ex-presidente ao Oriente Médio.
A FUP que sempre denunciou o péssimo negócio que a Petrobras estava fazendo lembra que a RLAM e seus ativos logísticos associados foram vendidos por US$ 1,8 bilhão (algo em torno de R$10,1 bilhões na época), para o Mubadala Capital, um fundo dos Emirados Árabes.
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