Escrito por: Redação CUT
“Antes de defender uma bozoideia, espere 24h. Poupa o esforço de defender o recuo”, ironiza Haddad
Uma rápida busca na internet dá a dimensão de como Jair Bolsonaro (PSL) e sua equipe ministerial e técnica estão perdidos e são despreparados para comandar um país com dimensões continentais como o Brasil. O início do governo se resume ao anúncio de uma medida e, na sequência, vem o recuo. Ele desiste, volta atrás.
Somente na manhã desta terça-feira (8) foram encontrados 110 mil resultados no Google com o termo "Bolsonaro recua". Segundo a Rede Brasil Atual, termos como "desiste" ou "volta atrás" trazem resultados ainda maiores.
Há apenas uma semana empossado, Bolsonaro, com base em informações muitas vezes equivocadas, já voltou atrás em diversos anúncios, como a manutenção de uma base militar dos EUA em terras brasileiras; a cobrança de impostos; e a responsabilidade de demarcação das terras indígenas, com a revisão da demarcação da Terra Indígena Serra Raposa do Sol.
Para Fernando Haddad, ex-candidato do PT à presidência da República, afirmações e recuos de Bolsonaro não são “cortina de fumaça” para desviar a atenção de outras medidas impopulares, como a possibilidade de extinção da Justiça do Trabalho. “É puro despreparo, vasto desconhecimento”, afirma.
“Antes de defender uma bozoideia, espere 24h. Poupa o esforço de defender o recuo”, ironizou Haddad, que disputou o segundo turno com Bolsonaro sem ter a oportunidade de debater pessoalmente as propostas para o Brasil, uma vez que o presidente eleito se recusou a participar dos debates na TV, onde suas falas pudessem ser questionadas ou projetos do que pretenderia fazer com o país tivessem de ser apresentados.
O cientista político Rudá Ricci concorda com Haddad e afirma que o governo tem divisões e desorientações em sua própria base. "O Bolsonaro tem diferentes forças estruturadas dentro do governo. Uma é o nacionalismo dos militares. Eles estão tendo cuidado, mas toda hora soltam uma ou outra crítica, como, por exemplo, contra a venda da Petrobras", afirma.
"O outro centro é o Paulo Guedes (ministro da Economia) e o empresariado que tem uma visão ultraliberal e continuam batendo na tecla dos anos 1990. A terceira força são os evangélicos que casam um pouco, em alguns itens, com a questão neoliberal (pela teologia da prosperidade), mas outras vezes casam com os militares", completa.
Já o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão afirmou, em texto divulgado na redes sociais, que acredita que "o buraco é mais embaixo" e vê o fato de o governo estar ocupado por gente "incapaz, vaidosa e despreparada" como parte de uma estratégia de dominação.
"Tacham-se os melhores quadros de 'marxistas' e sobram os ingênuos, “useful idiots”, para levar a máquina pública a seu descalabro. Depois, vêm os salvadores do FMI, do Banco Mundial e do Federal Reserve, para cuidar da massa falida", afirmou Aragão.
"De bobo não tem nada quem está por detrás desse plano. Bobos somos nós que só olhamos para as aparências, achando que o capitão da reserva manda alguma coisa. Bobos são os que acham que foi a 'corrupissaum dos petralhas' a causa dessa indignidade porque nossa nação vai fatalmente passar."
*Com informações Rede Brasil Atual