Escrito por: Redação CUT
População de 10 estados em 14 que Bolsonaro perdeu as eleições presidenciais em 2018, será a mais beneficiada pelo auxílio Brasil
O pagamento de R$ 600 do auxílio Brasil turbinado, de agosto a dezembro deste ano, para cerca de 20 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade tem sido criticado por beneficiários e especialistas no combate à fome que veem nesta decisão de Jair Bolsonaro (PL), motivos eleitoreiros, já que o benefício será de curto prazo.
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E a distribuição dos recursos mostra que todos têm razão: o presidente visa conseguir votos para a reeleição onde não tem.
O governo federal vem turbinando o acesso ao auxílio Brasil às famílias que moram em 10 dos 14 estados em que Bolsonaro perdeu a eleição para Fernando Haddad (PT), então candidato à presidência da República, em 2018.
Nos nove estados do Nordeste em que o ex-presidente Lula é o favorito nas eleições de outubro, segundo pesquisas de intenções de voto, o governo federal aumentou o índice de famílias atendidas pelo programa, segundo levantamento da Folha.
Lula tem 56% das intenções de votos no primeiro turno entre pessoas que recebem o Auxílio Brasil ou moram com alguém que é beneficiário do programa, segundo pesquisa Datafolha. Bolsonaro tem 28% entre esses eleitores.
Média nacional X média dos estados
A média nacional do aumento no atendimento do auxílio Brasil é de 2,7% da população. No entanto, nos estados onde Bolsonaro perdeu a eleição o índice dos atendidos é quase o dobro. Antes eram atendidas pelo programa 14,5 milhões de famílias e agora subiu 20,2 milhões – um aumento de 5,7 milhões.
No Piauí, Pernambuco e Sergipe, por exemplo, o índice de atendidos pelo auxílio Brasil chega a 4,6% da população desses estados. Em seguida vem Bahia com 4,2%, e Maranhão e Alagoas com beneficiários que representam 3,2% da população.
Na região Norte, o Amapá também foi o estado mais beneficiado com 4,5%. Bolsonaro venceu Haddad por pequena margem, no segundo turno, com 50,20% dos votos válidos contra 49,80% do petista.
Roraima e Rondônia em que o atual presidente venceu as eleições de outubro, embora estejam, segundo o Mapa da Pobreza de 2021, elaborado pelo FGV Social, num patamar de miséria acima da média do país, o atendimento às famílias ficou abaixo da média nacional. A taxa de ampliação foi de 1,9% e 1,8%, respectivamente.
O único estado em que Bolsonaro perdeu a eleição e ficou com atendimento com menor número de beneficiados pelo auxílio Brasil foi Tocantins.
Justificativa do governo
De acordo com o Ministério da Cidadania, responsável pelo programa, o sistema para inclusão de famílias no Auxílio Brasil funciona de forma automatizada e não faz qualquer distinção ou preferência por região.
Mas, para Francisco Menezes, consultor da Action Aid, uma organização não governamental de combate à desigualdade social, e ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), o modelo de inscrição feito por aplicativo de celular é um entrave para que o programa alcance quem necessita do benefício. Segundo ele, quem está passando fome não tem celular e quando tem o aparelho, não tem um pacote de dados ou mesmo wi-fi. Muitos ainda de acordo com ele, moram em regiões longínquas e precisam andar quilômetros para chegar a uma localidade com sinal de internet.
"Existe um equívoco muito grande em forçar o uso de aplicativos, ao mesmo tempo que enfraquece a tão necessária assistência social, com drásticos cortes orçamentários deixando de fazer a busca ativa por aqueles que estão mais esses necessitados”, disse ao PortaCUT, em julho passado.
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