Bolsonaro vai aumentar conta de luz depois de 7 de setembro
Presidente manda segurar anúncio de reajuste porque não quer medidas impopulares sendo anunciadas antes de atos que serão realizados no Dia da Independência do Brasil, pró e contra o seu desgoverno
Publicado: 31 Agosto, 2021 - 16h52 | Última modificação: 31 Agosto, 2021 - 17h03
Escrito por: Redação CUT
O presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) determinou a seus subordinados que deixem para anunciar o novo reajuste das contas de luz depois de 7 de setembro, dia em serão realizados atos para defender o seu governo, convocados, inclusive, pelo próprio presidente; e manifestações da oposição ao governo contra o autoritarismo e os ataques aos direitos sociais e trabalhistas.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já havia informado que divulgaria nesta terça-feira (31), o novo reajuste na bandeira vermelha patamar 2, que deve ficar entre 50% e 58%.
Com o reajuste, as contas de luz ficarão mais caras: passarão de R$ 9,49 para cerca de R$ 15 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A previsão é que este valor impacte em até R$ 24,00 reais a mais por mês nas contas de luz das famílias, já que, em média, o consumo dos brasileiros fica em torno de 160 kWh.
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A informação sobre a ordem de Bolsonaro para adiar o anúncio do reajuste nas contas de luz é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
A definição das bandeiras tarifárias é uma atribuição da Aneel que, em tese, é independente. Mas o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, vem participando ativamente das tratativas.
A decisão pela bandeira 2 é oficialmente uma reação à gravidade da crise hídrica, mas ninguém no governo fala da falta de planejamento para os períodos de seca, falta de investimento em novos equipamentos, hidrelétricas, em energias renováveis como a eólica e solar, e até de manutenção da rede.
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“Não adianta ficar chorando”
Além das bandeiras tarifárias definidas pela Aneel, o o governo anunciou que vai pagar um bônus a grandes consumidores que reduzirem suas demandas energéticas. No entanto, esse custo deverá ser repassado ao consumidor residencial comum.
Diante disso, restou a Bolsonaro apelar à população para que “apague um ponto de luz”.
Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a fazer troça com o aumento na conta de luz. “Qual o problema de a energia ficar um pouco mais cara, porque choveu menos?”. No dia seguinte, disse que “não adianta ficar chorando”.
Termelétricas e conta de luz
A bandeira vermelha é acionada para cobrir os gastos com o acionamento das usinas termelétricas, devido à escassez de água nos reservatórios.
De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios para a geração de energia elétrica estão neste momento com apenas 30% da sua capacidade. Especificamente na região Sudeste, que registra o maior consumo, como também a maior capacidade de armazenamento, os reservatórios chegaram a 22%.
Contudo, as termelétricas chegam a ter custos de produção até 20 vezes maiores que o das usinas hidrelétricas e representantes das distribuidoras afirmam que o valor da bandeira vermelha 2 fixado em julho já não cobre esses gastos. Contudo, o governo teme o chamado “efeito cascata”, já que todas as atividades produtivas – da indústria ao comércio, passando pelos serviços – dependem do consumo energético.
A consequência é que os reajustes na tarifa acabarão sendo repassados aos consumidores, impulsionando ainda mais a inflação, que teve em sua prévia a maior variação para um mês de agosto registrada nos últimos 20 anos, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do IBGE, divulgado na semana passada.
Com apoio da RBA