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Bolsonaro vai na contramão do mundo que preserva empregos e renda de trabalhadores

Até agora, as medidas foram para beneficiar empresários. "Não oferecer renda é aprofundar o impacto inevitável que a pandemia terá sobre a economia", diz professora da USP

Publicado: 23 Março, 2020 - 15h47 | Última modificação: 23 Março, 2020 - 16h19

Escrito por: Rosely Rocha

Agência Brasil
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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 25 milhões de pessoas podem perder o emprego no mundo apenas como consequência da pandemia de coronavírus (Covid-19).

Enquanto governos do mundo todo ligaram o sinal de alerta e começaram a anunciar medidas e proteção ao emprego e a renda, como garantia de pagamento de até 75% dos salários dos trabalhadores afetados pela quarentena, o governo de Jair Bolsonaro não pensou em uma medida sequer que, de fato, seja de apoio direto ao trabalhador. Ele só pensa em socorrer empresários. 

No domingo (22), o governo brasileiro anunciou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai liberar R$ 55 bilhões para diminuir os efeitos da pandemia de coronavírus na economia, mas nada que beneficie  e proteja os salários dos trabalhadores. Já havia anunciado também medidas de suspensão de pagamento de impostos por alguns meses.

Mas passa longe de melhorar os recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS) revogando a emenda de congelamento dos gastos ou prevendo um pagamento aos trabalhadores afetados que dê pelo menos para comprar comida e não os R$ 200 qu prometeu aos informais.  

“Paulo Guedes resiste em acabar com a Emenda [ 95] que limita os gastos públicos, indo na contramão do mundo. Todas as medidas tomadas pelo governo cometem uma tremenda injustiça social”, avalia o pesquisador do Cesit, Marcelo Manzano.

A mesma opinião tem a professora da FEA/USP. Segundo ela, todos os países querem preservar a renda para não aumentar o desespero das famílias.

“Não oferecer renda é aprofundar o impacto inevitável que a pandemia terá sobre a economia. O Brasil está indo na contramão do mundo”, afirma Leda Paulani.

Os economistas se referem às medidas anunciadas até por governos neoliberais como os Estados Unidos que devem aprovar um projeto de lei que prevê apoio econômico de pagamento único de US$ 3.000 (cerca de R$ 15 mil) a famílias e permitirá que o Federal Reserve levante até US$ 4 trilhões em liquidez para fomentar a economia do país.

Na Dinamarca, o governo local anunciou um plano pelo qual o Estado cobrirá 75% dos salários mensais pagos por empresas privadas pressionadas pela pandemia, até o limite de cerca de R$ 16,7 mil, durante três meses. As empresas se comprometeram a pagar o restante, e os trabalhadores abrirão mão de cinco dias de férias. Já para trabalhadores contratados por hora, a cobertura estatal dos salários será de 90%. As medidas são retroativas ao início da epidemia.

O governo da Alemanha vai aprovar um empréstimo de € 356 bilhões (cerca de R$ 2 trilhões) para financiar seus planos de socorro ao sistema de saúde e a empresas e trabalhadores afetados pela paralisação decorrente da pandemia. Também houve a ampliação do programa local que paga parte do salário de trabalhadores cuja jornada de trabalho tenha sido reduzida, para evitar demissões.

Veja no quadro as medidas tomadas em diversos países do mundo

Fonte: Instituto de Economia Unicamp