#BolsonaroÉfakenews alcança os trending topics do Twitter
Além das críticas nas redes sociais, OAB e Abraji soltaram nota para repudiar postura do presidente, que estimulou ataques contra repórter de jornal
Publicado: 11 Março, 2019 - 16h18
Escrito por: Redação RBA
A hashtag #BolsonaroÉfakenews é o segundo assunto mais comentado no Twitter no início da tarde desta segunda-feira (11). Os usuários da rede social criticam o presidente Jair Bolsonaro (PSL), após ele compartilhar uma acusação falsa publicada pelo site Terça Livre contra uma repórter do jornal O Estado de S. Paulo (Estadão) neste domingo (10).
Os internautas, entre eles políticos e jornalistas, saíram em defesa da repórter Constança Rezende, que vem sendo atacada virtualmente pelos seguidores de Bolsonaro. Ela chegou a cancelar a sua conta no Twitter por conta das agressões.
Na mensagem postada, ele afirma que Constança estaria atuando para "arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente". O próprio presidente destaca que ela é filha do jornalista Chico Otavio, repórter de O Globo, que investiga a atuação dos grupos milicianos no Rio de Janeiro.
A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) afirmou que "Bolsonaro será responsável por qualquer ameaça ou agressões que possam acontecer contra a repórter Constança Rezende", e classificou do presidente como "abominável". "Bolsonaro mente, como sempre fez.
"Se o presidente é capaz de utilizar notícias falsas para estimular o ódio de seus seguidores contra uma jornalista de um grande veículo de imprensa que denuncia seus esquemas, o que não será capaz de fazer com um cidadão comum que discorde dele? Inaceitável!", criticou a também deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), junto com a hashtag #BolsonaroÉfakenews.
"A Justiça aceitou q Bolso fosse eleito à base de fake news no WhatsApp, mas nós não podemos aceitar", criticou a ativista feminista Lola Aronovich. "Ele não aprende. Compartilha e não confere se o áudio é verdadeiro, se não é montagem. A irresponsabilidade de Bolsonaro não tem limites. Uma criatura dessa JAMAIS poderia estar ocupando a cadeira no Planalto...", lamentou um internauta.
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) é alvo de uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) após relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) revelar que o seu ex-assessor Fabrício Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017. A movimentação bancária inclui repasse de dinheiro para a primeira-dama, Michele Bolsonaro. Em depoimento, ele admitiu que recebia parte dos salários de outros servidores do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, e usava os recursos para contratar outros funcionários.
OAB e Abraji repudiam
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgaram nota conjunta nesta segunda para repudiar o que classificaram como "tentativa de intimidação contra imprensa" promovida por Bolsonaro. "Quando um governante mobiliza parte significativa da população para agredir jornalistas e veículos, abala um dos pilares da democracia, a existência de uma imprensa livre e crítica."
A nota destaca que o "ataque público à imprensa" por Bolsonaro se deu a partir do uso de informações falsas. "Isso mostra não apenas descompromisso com a veracidade dos fatos, o que em si já seria grave, mas também o uso de sua posição de poder para tentar intimidar veículos de mídia e jornalistas." Destacam ainda que o ataque já havia ocorrendo ainda antes da divulgação do conteúdo pelo presidente, que aumentaram após a sua postagem. "O grave nesse episódio é que o próprio presidente instigou esse comportamento, ao citar como indício de suposta conspiração que Constança é filha de um jornalista de O Globo."