Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT
Acampados não deixam Lula se sentir sozinho. Cumprimentam o presidente logo que acordam, na hora do almoço e a noite. E as visitas, aulas e apresentações culturais mantêm o ânimo da militância
Seja debaixo de forte sol, como foi nesta quarta-feira (11), seja sob o vento frio da noite, a militância que está acampada no bairro Santa Cândida, nas proximidades da sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná, onde Lula encontra-se na condição de preso político, faz questão de cumprimentar Lula e deixar muito claro que ele não está nem ficará sozinho hora nenhuma. Desde domingo, eles acordam e, juntos, gritam determinados: Bom dia, presidente! Desejam, bom almoço e boa noite de sono também.
Foi com o "bom dia, presidente", que eles iniciaram as atividades da manhã desta quarta, dia nacional de mobilização pela liberdade do ex-presidente condenado sem crimes nem provas, no acampamento Vigília Democrática por #LulaLivre. A programação concorrida começou logo cedo com a visita do coordenador Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e pré-candidato à presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL-SP), depois teve mística feita por jovens militantes do MST e ato político de juristas progressistas pela democracia e cumprimento da Constituição Federal.
Boulos desejou força aos homens e mulheres que constroem o acampamento desde sábado passado (7). Ele disse que todos que estão resistindo em Curitiba, estão representando a voz do povo brasileiro e dos movimentos sociais.
“Nós do MTST, mais que ninguém, sabemos a dureza que é acampar em praça pública, o que é não ter um banheiro para usar e a dificuldade para conseguir as coisas mais básicas. Sabemos também o que é ver de perto a polícia provocar durante o dia e a noite”.
Boulos falou que tentaram fazer de Curitiba a capital da injustiça ao encarcerar Lula após uma condenação vergonhosa e escandalosa, sem provas, sem crime, mas não foi isso que aconteceu e hoje a capital paranaense representa o maior foco de resistência do país.
“Se pensam em nos vencer pelo cansaço a cada dia a mais que mantém Lula preso, mais irão fortalecer a escalada da resistência”.
Para ele, esta não é apenas uma luta de Lula ou do PT, mas sim de quem defende o estado democrático de direito e a Constituição Federal. Boulos reforçou, ainda, que esta é uma luta política contra o avanço do fascismo, da judicialização da política e em defesa do que resta de democracia.
“O Brasil todo sabe e vê que a condenação de Lula e esse processo fraudulento tem o único objetivo de tirá-lo do jogo político deste ano. O Judiciário se prestou a fazer um papel de partido político e quando quem devia fazer justiça usa a toga para fazer política, é difícil falar em democracia”.
Após a agenda no acampamento, Boulos pegou um voo para Portugal, onde participará de um ato com partidos de esquerda e intelectuais da Europa pela democracia no Brasil e pela liberdade de Lula. “Seguimos com muita mobilização de rua e muita denúncia internacional”, finalizou.
Juristas pela democracia
No final da manhã, apesar do calor e sob um sol ainda mais escaldante, a militância não arredou pé e participou de ato com juristas históricos dos movimentos sociais e professores de direito. Participaram da agenda o professor Dr. da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Neves, a professora Drª da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Kátya Isaguirre Torres, a também professora Drª da UFPR, Eneida Desiree Salgado e o professor Dr aposentado pela UFPR, Juarez Cirino dos Santos.
Eles denunciaram as sentenças políticas julgadas pelo Poder Judiciário, que condenou o melhor presidente que o país já teve sem conseguir comprovar que Lula é dono do triplex no Guarujá.
Para os organizadores da atividade, o centro do golpe é o sistema de justiça que chegou ao seu momento mais delicado.
Marcelo Neves denunciou que, atualmente, o Judiciário brasileiro está contribuindo para um grande retrocesso social. Já Eneida Desiree Salgado disse que hoje sua luta é pelo cumprimento da Constituição Federal e não pela desobediência civil, como alguns quiseram alegar já que ela estava presente no dia em que Lula chegou à sede da PF-PR e a polícia foi para cima dos manifestantes que realizavam manifestação de solidariedade ao ex-presidente.
Decano, Juarez Cirino dos Santos confirmou que os processos contra Lula são políticos e somente o povo nas ruas é capaz de libertar o ex-presidente das masmorras. “A justiça se acovardou em relação aos julgamentos contra Lula”, avaliou.
Após o encerramento das manifestações dos juristas, uma delegação de deputados estaduais por Minas Gerais anunciou que estavam chegando mais caravanas mineiras para se somar à jornada permanente de lutas e vigília por #LulaLivre.
No inicio da tarde, uma caminhada com batucada agitou o acampamento #LulaLivre em Curitiba.