Escrito por: Redação CUT
No décimo dia da tragédia da Vale em Brumadinho, 134 mortes são confirmadas, 120 corpos identificados e ainda há 199 desaparecidos
Subiu para 134 o número de vítimas fatais causado pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), que despejou uma avalanche de rejeitos de minério na cidade no último dia 25.
Na tarde desta segunda-feira (4), ao menos três corpos de trabalhadores que estavam se trocando foram encontrados em um vestiário da Vale. A retirada das vítimas da maior tragédia ambiental só foi possível porque a estrutura do vestiário ruiu parcialmente, impedindo que o local fosse totalmente invadido pela lama.
Até o momento, 120 corpos foram identificados e ainda há 199 desaparecidos, segundo o balanço apresentado pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
Na manhã desta segunda-feira (4) os bombeiros suspenderam as buscas por vítimas em Brumadinho devido às chuvas que caíram durante a madrugada e pela manhã. Pela primeira vez em dias, os helicópteros de bombeiros, da Polícia Militar e Polícia Civil não iniciaram voo pela manhã.
Risco de deslizamento
Segundo os bombeiros, com a forte chuva que caiu na manhã desta segunda-feira há risco de deslizamentos de parte do rejeito que nos últimos dias estavam ficando cada vez mais secas, facilitando o avanço das equipes de busca por terra. A movimentação desse rejeito pela chuva, de acordo com a Defesa Civil, poderia colocar em risco as equipes de bombeiros.
No pronunciamento à imprensa nesta quinta-feira (31), o porta-voz dos Bombeiros, o tenente Pedro Aihara, descartou o risco de intoxicação dos bombeiros em decorrência do trabalho diário de resgate feito na lama com rejeitos de minérios.
O tenente afirmou ainda que os militares passam por procedimentos de limpeza todo dia ao deixar a região do Córrego do Feijão. Segundo Aihara, no caso da tragédia de Mariana não teve nenhum caso de bombeiros intoxicados, "mesmo depois de mais de dois anos". O tenente desmentiu ainda a existência de problemas de relacionamento com as forças israelenses.
Alguns corpos nunca serão encontrados
Confirmando o que disse o tenente Pedro Aihara, no início da semana, ministros do governo de Jair Bolsonaro (PSL) disseram nesta terça-feira (29) que, em função da complicação da operação de resgate dada a densidade e o volume da lama, que, em determinadas regiões, forma um bloco de massa praticamente impenetrável, muitos corpos nunca serão encontrados.
“Este é um episódio de muita gravidade. Algumas pessoas triste e lamentavelmente não serão recuperadas. Tem uma questão de respeito e solidariedade a todas as famílias que viverão um luto sem necessariamente o seu ente querido”, afirmou Onyx Lorenzoni, ministro Chefe da Casa Civil.
Os nomes das vítimas - localizadas ou não - estão afixados na Estação do Conhecimento da Vale, onde parentes, amigos e colegas de trabalho estão em busca de informações.
Veja como está sendo o trabalho das equipes de busca
Nesta terça, as buscas por vítimas foram ampliadas para 16 pontos da área atingida em Brumadinho.
Segundo o tenente Pedro Aihara, 120 homens estão concentrados em dois pontos com maior número de vítimas: nos destroços do refeitório da mineradora, onde 100 integrantes das equipes de busca atuam, e nas proximidades de um ônibus que estava na mina.
O tenente disse, ainda, que os equipamentos trazidos pelos israelenses, que chegaram ao Brasil no domingo, têm se mostrado úteis para as buscas. Ele fez referência em especial a sonares e a equipamentos que verificam posicionamento de celulares. "A gente consegue fazer uma espécie de mapa", disse, explicando que isso auxilia no trabalho de buscas.
Na segunda à noite as buscas continuaram em dois pontos: um ônibus próximo da administração da Vale e uma casa perto da pousada Nova Estância, onde foram achados três corpos.
Até então, os bombeiros não haviam conseguido encontrar o refeitório da Vale, inexplicavelmente localizado em um ponto abaixo da barragem. Segundo eles, a lama pode ter deslocado o refeitório de lugar. Ali, a profundidade da lama chega a 15 metros.
Apesar dos esforços, o porta-voz da corporação, tenente Pedro Aihara, admitiu que alguns corpos podem nunca ser encontrados.
'Considerado o tipo de tragédia e as proporções [da tragédia], existe, sim, a possibilidade de alguns corpos não serem recuperados, mas não é esse o foco dos bombeiros'."
O rompimento da barragem de Brudaminho já é considerada a maior tragédia ambiental da história do País. O primeiro lugar deste ranking era a da catástrofe que aconteceu na cidade de Mariana, região central do estado, em novembro de 2015, quando 19 pessoas morreram por causa do mesmo problema da barragem de Fundão. Em ambos os casos, a responsabilidade é da mineradora Vale.
A empresa suspendeu pagamento de dividendos e de bônus a executivos, e criou comitês para ajudar vítimas, reparar danos e descobrir responsáveis.
Já a Justiça, bloqueou R$ 11 bilhões da Vale. O dinheiro que será usado na reparação de danos causadas pela tragédia.