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Boris Casoy é 'uma vergonha'

Leia artigo de Altamiro Borges sobre o jornalista que menospreza os trabalhadores

Publicado: 04 Janeiro, 2010 - 16h10

Escrito por: Altamiro Borges

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Primeiro vídeo: aoencerrar o Jornal da Band da noite de 31 de dezembro de 2009, dois garis de SãoPaulo aparecem desejando feliz ano novo ao povo brasileiro. Na sequência, semperceber o vazamento de áudio, o fascistóide Boris Casoy, âncora da TV Bandeirantes,faz um comentário asqueroso: “Que merda... Dois lixeiros desejandofelicidades... do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo daescala do trabalho”. Assista aqui

Segundo vídeo: nanoite seguinte, o jornalista preconceituoso pede desculpas meio a contragosto:“Ontem durante o programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eupeço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Numaentrevista à Folha, porém, Boris Casoy mostra que não se arrependeu da frase edo seu pensamento elitista, mas sim do vazamento. “Foi um erro. Vazou, eraintervalo e supostamente os microfones estavam desligados”.

Do CCC à assessoria dos golpistas
Estefato lastimável, que lembra a antena parabólica do ex-ministro de FHC, RubensRicupero – outras centenas de comentários de colunistas elitistas da mídiahegemônica infelizmente nunca vieram ao ar –, revela como a imprensa brasileira“é uma vergonha”, para citar o bordão de Boris Casoy, com seu biquinho e seuscacoetes. O episódio também serve para desmascarar de vez este repugnanteapresentador, que gosta de posar de jornalista crítico e independente.

A história de BorisCasoy é das mais sombrias. Ele sempre esteve vinculado a grupos de direita emanteve relações com políticos reacionários. Segundo artigo bombástico darevista Cruzeiro, em 1968, o então estudante do Mackenzie teria sido membro doComando de Caça aos Comunistas (CCC), o grupo fascista que promoveu inúmerosatos terroristas durante a ditadura militar. Casoy nega a sua militância, mas várioshistoriadores e personagens do período confirmam a denúncia.

Âncora da oposição de direita
Aindade 1968, o direitista foi nomeado secretário de imprensa de Herbert Levy, entãosecretário de Agricultura do governo biônico de Abreu Sodré – em plena ditadura.Também foi assessor do ministro da Agricultura do general Garrastazu Médici nafase mais dura das torturas e mortes do regime militar. Em 1974, Casoyingressou na Folha de S.Paulo e, numa ascensão meteórica, foi promovido aeditor-chefe do jornal de Octávio Frias, outro partidário do setor “linha dura”dos generais golpistas. Como âncora de televisão, a sua carreira teve início noSBT, em 1988.

Na seqüência, Casoyfoi apresentador do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido emdezembro de 2005. Ressentido, ele declarou à revista IstoÉ que “o governopressionou a Record [para me demitir]... Foram várias pressões e a final foi doZé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve como sustentar seu discursoraivoso, que transformou o telejornal em palanque da oposição de direita,bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo do mensalão”.

Nos bastidores da TV Bandeirantes
Em2008, Casoy foi contratado pela TV Bandeirantes e manteve suas posiçõesdireitistas. Ele é um inimigo declarado dos movimentos grevistas e detesta oMST. Não esconde sua visão elitista contra as políticas sociais do governo Lulae alinha-se sempre com as posições imperialistas dos EUA nas questões dapolítica externa. O vazamento do vídeo em que ofende os garis confirma seuarraigado preconceito contra os trabalhadores e tumultuou os bastidores da TVBandeirantes.

Entidades sindicaise populares já analisam a possibilidade de ingressar com representação junto àProcuradoria Geral da República. Como ironiza Beto Almeida, presidente da TVCidade Livre de Brasília, seria saudável o “Boris prestar serviços comunitáriospor um tempo, varrendo ruas, para ter a oportunidade de fazer algo de útil aosseus semelhantes”. Também é possível acionar o Ministério Público Federal, quetem a função de defender os direitos constitucionais do cidadão junto “aosconcessionários e permissionários de serviço público” – como é o caso das TVs.

Na 1ª ConferênciaNacional de Comunicação, realizada em dezembro, Walter Ceneviva, Antonio Telese Frederico Nogueira, entre outros dirigentes da Rede Bandeirantes,participaram de forma democrática dos debates. Bem diferente da posturaautoritária das emissoras afiliadas à Associação Brasileira de Emissoras deRádio e Televisão (Abert), teleguiadas pela Rede Globo. Apesar dasdivergências, essa participação foi saudada pelos outros setores sociaispresentes ao evento. Um dos pontos polêmicos foi sobre a chamada “liberdade deexpressão”. A pergunta que fica é se a deprimente declaração de Boris Casoy fazparte deste “direito absoluto”, quase divino.