Escrito por: Redação CUT Nacional, com contribuição da CUT-CE e CUT-BA
Pandemia está sem controle em boa parte do país e, para piorar, Fiocruz alerta que Ceará, Maranhão, Amapá e Rio de Janeiro podem estar no início de uma segunda onda
Ainda sem estratégia clara de combate ao novo coronavírus, o Brasil tem explosão de casos confirmados em meio à flexibilização do isolamento social em vários estados da federação. Pelo segundo dia consecutivo, o país bateu mais um recorde e registrou 59.961 novos casos da Covid-19 em 24 horas, totalizando 2.287.475, um crescimento de 2,6%.
O total de vidas perdidas pela doença já chega a 84.082, sendo 1.311 registradas entre quarta-feira (22) para quinta-feira (23) e 506 nos últimos três dias. Houve um crescimento de 1,5% no total de óbito, colocando a taxa de letalidade do país em 3,7%. Com isso, o Brasil teve uma média de 1.055 mortes por dia na última semana.
São Paulo lidera o ranking de número de mortes por Covid-19, com 20.894 vítimas fatais. O Rio de Janeiro continua em segundo lugar, com 12.535 mortes, seguido por Ceará (7.374), Pernambuco (6.211) e Pará (5.616).
São Paulo também lidera a lista de estados que registram maior número de casos confirmados de coronavírus, com 452.007 diagnósticos confirmados. Em seguida estão o Ceará (156.242), Rio de Janeiro (151.549), Pará (144.467) e Bahia (138.358).
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, o país tem hoje 1.570.237 pessoas recuperadas da Covid-19, 633.156 em acompanhamento e 3.786 óbitos sob investigação.
Alerta de segunda onda
Como os números de internação de pacientes com insuficiência respiratória grave voltaram a subir de forma preocupante no Brasil, a Fundação Oswaldo Crus (Fiocruz) alerta que os estados do Ceará, Maranhão, Amapá e Rio de Janeiro podem estar no início de uma segunda onda da pandemia.
Maranhão teve 378 casos na semana de pico, uma queda de 150. Agora voltou a subir para 167 internações.
Amapá, que teve o pico entre 3 e 9 de maio, teve uma queda de 46% e chegou a 35 casos confirmados, mas agora voltou a subir para 59 casos. Já o Ceará, chegou a registrar nas semanas de pico 2.048 casos, caiu para 813 — agora subiu para 871 na semana passada.
Rio de Janeiro, na semana do pico registrou 2.844 internações, caiu para 1.154 e agora voltou para 1.367 entre 12 e 18 de julho.
Estados em queda
Apenas quatro estados apresentaram queda na média móvel de mortes por coronavírus nos últimos 14 dias, são eles: Alagoas, Amazonas, Ceará e Rio Grande do Norte. Em estabilidade estão o Acre, Bahia, Distrito Federal, Espirito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Sergipe e São Paulo.
Estados em alta
Já Amapá, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Roraima, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins apresentam ainda aceleração de casos. Na região Sul, a alta é de 50%, nas regiões que se mantiveram estáveis estão: Centro-Oeste (+8%), Nordeste (-13%), Norte (+9%) e Sudeste (+2%).
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará na tarde desta quinta-feira (23/7), houve redução de 15% do número de casos e de 47,4% do número de óbitos por Covid-19 em Fortaleza. No interior a redução foi de 26,4% nos casos e 16% nos óbitos. O levantamento foi realizado entre os dias 14 de junho e 11 de julho.
Para Wil Pereira, presidente da CUT Ceará, que representa o Fórum das Centrais Sindicais no Comitê Estadual de Enfrentamento à Covid-19 no Ceará, a redução do índice de casos e mortes por Coronavírus é resultado das medidas de proteção implementadas pelas prefeituras e Governo do Estado em parceria com as organizações sociais.
“O isolamento social foi fundamental para diminuir a propagação da doença no Ceará. Mas isso não significa que podemos relaxar. Continuaremos orientando as entidades sindicais e os trabalhadores e trabalhadoras para que continuem reforçando todas as medidas de distanciamento social e o uso de equipamentos de proteção individual”, reforça Wil.
A CUT Bahia promoveu na noite de ontem (23) uma transmissão em suas redes sociais com pesquisadores do novo coronavírus, junto o representante da Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia, Ranieri Muricy. A iniciativa foi debater os protocolos de flexibilização da atividade econômica, além de cobrar que a classe trabalhadora seja ouvida nesses planos.
De acordo com Muricy, o grupo de trabalho da secretaria está estudando um plano para a retomada das atividades no estado seguindo os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS). Este plano prevê que o retorno deve acontecer de forma gradual e seletiva, priorizando a vida das pessoas. Ele garantiu que trabalhadores e trabalhadoras serão ouvidos na discussão desse processo.
A epidemiologista da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Lorene Pinto, destacou que o momento requer observar a capacidade de resposta do sistema de saúde, lembrando ainda a importância para as medidas de vigilância sanitária. Ela apontou também as dificuldades impostas pelo governo federal no combate à Covid-19.
Também epidemiologista e integrante da Fiocruz Bahia, o médico Maurício Barreto salientou que é muito baixa a capacidade de testagem em todo o país e que esse é um fator a ser levado em conta na retomada da economia. Pediu ainda que reativada toda a estrutura de atenção primária à saúde na Bahia.