Escrito por: Walber Pinto

Brasil deve fechar março, o mês mais mortal da pandemia, com 320 mil vidas perdidas

O país vive o pior momento da pandemia de Covid-19, completando 13 dias com média de mortos por dia acima de 2 mil

Alex Pazuello/Semcom

O Brasil deve encerrar o mês de março com um total de 320 mil vidas perdidas para a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, de acordo com previsão do Portal Covid-19 Brasil, formado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade São Paulo (USP). Com os altos números registrados na semana passada, o país vivenciou a pior semana epidemiológica desde o início da pandemia no ano passado.

A 12ª semana mais mortal e infecciosa da pandemia desde fevereiro do ano passado superou a 11ª que, até então, tinha recorde de registros de óbitos e casos semanais. Mesmo nos finais de semana e nas segundas-feiras, dias em que eram comuns os números de mortes ficarem abaixo de mil, eles estão elevados.

Isso mostra o descontrole da pandemia de Covid-19 no país e, na previsão de especialistas, o ritmo de crescimento do número de vítimas e novos diagnósticos da doença deve se manter nas próximas semanas.

Mais de 314 mil pessoas já morreram de Covid-19 no Brasil

Nesta segunda-feira (29), o Brasil registrou 1.969 mortes por Covid-19 em 24 horas. No total, 314.268 brasileiros perderam a vida para doença desde o começo da pandemia.

A média móvel de mortes no país nos últimos 7 dias chegou a 2.655, um novo recorde desde o início da pandemia pelo 4º dia consecutivo, de acordo com o levantamento do consórcio de imprensa.

O país vive o pior momento da pandemia de Covid-19 e completa 13 dias com média de mortos por dia acima de 2 mil mortos. É o terceiro dia com a média acima da marca de 2,5 mil.

38% das pessoas que morreram não chegaram na UTI

De acordo com o levantamento do jornal O Globo, 38% do total de óbitos são de pacientes que não chegaram às Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) - 40% morreram sem esse atendimento entre os dias 14  e 20 de março.

Ainda de acordo com os dados analisados pelo jornal, nas 11 primeiras semanas do ano, mais de 28 mil brasileiros morreram de Covid-19 nos hospitais do país sem passar por uma UTI.

Em meados de janeiro e de fevereiro deste ano, quando os sistemas de saúde da região Norte entraram em colapso, a proporção de pacientes que morreram sem passar pela UTI passou de 50%.

Nos Estados do Amazonas, Roraima e Acre, o percentual chegou a 60%. Em Santa Catarina, há quatro semanas, o índice não baixa de 53%. No Rio Grande do Sul, ultrapassou os 50% no começo de março. No Rio de Janeiro foi de 35%, e São Paulo, 41% de mortes de pacientes com Covid foram fora da UTI.

São Paulo vai transportar copos em van escolar

Com o agravamento da pandemia de Covid-19 em São Paulo, vão ser usadas vans escolares para transportar corpos de pessoas mortas pela doença na capital paulista. A Prefeitura de São Paulo contratou 50 carros particulares que serão adaptados para o serviço funerário devido ao aumento de enterros.

Ao final da contratação, a Prefeitura irá higienizar os veículos usados para o transporte de corpos.

SP tem aumento de 30% nos enterros

A piora da pandemia em São Paulo está levando o cemitério municipal Vila Formosa, o maior da América Latina, a registrar aglomerações nos enterros. Nos últimos dias, familiares relataram filas para a liberação dos corpos das pessoas que morreram de Covid-19 e falta de distanciamento social.

Com o aumento dos enterros, a prefeitura estendeu os horários dos sepultamentos em quatro cemitérios: Vila Formosa e Vila Alpina, ambos na Zona Leste; o São Luiz, na Zona Sul; e o Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte. Os enterros que antes eram realizados das 7h às 18h agora ocorrem das 7h às 22h.

A capital teve um aumento de quase 30% nos enterros. Os sepultamentos noturnos fazem parte do Plano de Contingência do Serviço Funerário.

SC terá que escolher qual paciente vai ter vaga em UTI

Com hospitais lotados e sem leitos disponíveis para pacientes com Covid-19, Santa Catarina decidiu adotar um protocolo de triagem para decidir quais pacientes que aguardam na fila de UTI serão transferidos e quais vão receber um tratamento paliativo.

Diante do colapso do sistema em várias cidades e estados do país, a expectativa é que essa decisão possa ser seguida nos próximos dias por outras secretarias de saúde.

Santa Catarina registra 233 mortes registradas na fila de UTI só em janeiro, fevereiro e março. No estado, terão preferência aos leitos de UTIs os pacientes que se enquadram na chamada “prioridade 1”: que necessitam de intervenções de suporte à vida, com alta probabilidade de recuperação e sem limitação de suporte terapêutico. 

Na sequência, vem o grupo 2, dos que necessitam de monitorização intensiva, "pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, e sem limitação de suporte terapêutico".

Os pacientes com limitações para intervenção terapêutica, com baixa probabilidade de recuperação ou em fase terminal são os que têm menos chances de chegar à UTI. A indicação é encaminhar para cuidados paliativos.

Com informações do Globo e da Folha de S.Paulo.