Apesar da curva em ascendência, Rio e São Paulo, estados com mais casos confirmados de Covid-19 e óbitos registrados em consequência da doença, reabrem setores da economia e áreas de lazer
Com estados e municípios reabrindo a economia no momento mais crítico da pandemia do novo coronavírus, o Brasil registrou nesta terça-feira (9) 1.272 mortes e 32.091 novos casos confirmados da Covid-19. No total, já são 739.503 brasileiros infectados e 38.406 mil óbitos, segundos os dados do Ministério da Saúde, que voltou a divulgar os números acumulados e os índices proporcionais dos contágios e mortes, após determinação do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A ação no STF foi movida pelos partidos de oposição que exigia que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) retomasse o formato tradicional de divulgação dos dados da Covid-19 no país. A falta de transparência e elementos divergentes por parte do Ministério da Saúde, sob o comando de um interino, o general Eduardo Pazuello, levou vários órgãos da sociedade civil a compilar os dados das secretarias estaduais e houve reações duras do parlamento e da Justiça, além de diversos setores da sociedade civil organizada.
O Brasil, segundo país do mundo com maior número de casos da Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, ocupa o terceiro lugar no ranking global em números de mortes, abaixo dos EUA e do Reino Unido. Em todo o mundo foram registrados 7.269.974 casos e 411.953 pessoas mortas pela Covid-19. Só nos Estados Unidos foram registrados 1.979.931 casos e mais de 112 mil mortes. O Reino Unido, formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, registrou menos casos que o Brasil, mas um numero maior de mortes. Foram registrados até agora 290.581 casos e 40.968 mortes por Covid-19.
Mesmo diante da maior pandemia da história e com o país ocupando os primeiro lugares do ranking da doença, Jair Bolsonaro continua provocando crises. Numa reunião no Palácio do Planalto com ministros do governo nesta terça, o presidente disse que a transmissão de coronavírus por pacientes assintomáticos é rara, distorcendo uma informação citada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Devido à confusão que gerou na fala de Maria Van Kerkhove, epidemiologista da OMS, ela fez uma transmissão ao vivo e esclareceu que ainda não se sabe qual a porcentagem da transmissão de coronavírus é feito por pessoas assintomáticas. Bolsonaro reagiu e ameaçou deixar o órgão.
Reabertura em SP
Com a curva em ascendência, o Brasil teve o mais baixo índice de isolamento social desde o período de antes da decretação de quarentenas para combater a epidemia de coronavírus, segundos os números da consultoria In Loco, que usa dados de celulares para monitorar a movimentação de pessoas. Mesmo diante deste cenário, Rio e São Paulo, os estados com mais casos e óbitos, tiveram novos decretos municipais e estaduais reabrindo setores da economia e áreas de lazer.
Nesta quarta-feira (10), parte do comercio de rua da capital paulista estará funcionando. Na quinta-feira (11), será a vez dos shoppings centers que funcionarão quatro horas por dia fora dos horários de pico (das 7 horas às 10 horas e das 17 horas às 20 horas) para evitar aglomerações no sistema de transporte público da cidade. Todos esses locais terão de respeitar uma lotação máxima de 20% da capacidade e oferecer álcool em gel e orientar clientes para evitar aglomerações.
O estado de São Paulo registrou nesta terça (9) 5.545 casos de covid-19 e 334 mortes nas últimas 24 horas — é o número mais alto desde o início da pandemia. O recorde anterior, de 327 vítimas, é do dia 2 de junho. No total, São Paulo contabiliza 9.522 mortes e 150.138 de casos de pessoas infectadas pela covid-19.
Vaivém de decisões judiciais no RJ
Já no Rio de Janeiro, o governador Wilson Witzel (PCS) baixou um decreto que permitia a reabertura de restaurantes, shoppings e a realização de eventos. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicamos), já tinha reaberto áreas de lazer da capital e setores do comércio.
Nesta terça, a Justiça do Rio voltou a liberar a flexibilização das medidas restritivas de combate à pandemia, decretadas pelo governador e pelo prefeito. O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Claudio de Mello Tavares, suspendeu a liminar concedida pela 7ª Vara de Fazenda Pública, que vetou trechos dos decretos de Witzel e Crivella, que autorizavam a flexibilização das medidas de distanciamento social.
O estado registra quase 7 mil mortes e 73 mil casos confirmados da doença. Nas últimas 24 horas, foram 147 mortes e 3.480 casos, com 1.152 óbitos estão em investigação.
Ceará
Terceiro estado com maiores números de casos e mortes, o estado do Ceará terá gradis nos calçadões e grandes praças de Fortaleza onde a presença de pessoas é comum. O Ceará passa de 69 mil casos e registra 4,3 mil óbitos por Covid-19.