Escrito por: Redação CUT
Segundo levantamento do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, país registrou 25.500 mortes de trabalhadores em dez anos
O Brasil registrou, em 2022, 612.900 acidentes de trabalho e 2.538 mortes - alta de 22% em relação ao ano anterior – só entre trabalhadores e trabalhadoras com empregos formais, com carteira assinada e direitos, entre outros, a benefícios previdenciários.
De 2012 a 2022, foram registrados 6,7 milhões de acidentes e 25.500 mortes de trabalhadores. Do total, cerca de 15% foram causados por operação de máquinas e equipamentos.
No mês do Abril Verde - 28 de abril é o Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho -, esses dados, compilados pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, a partir de laboratório (Iniciativa SmartLab de Trabalho Decente) coordenado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo escritório local da Organização Internacional do Trabalho (OIT), servem de subsídio para a refelxão e o debate sobre a gravidade da situação no mercado de trabalho brasileiro, ressalta o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira.
“Essas informações atualizadas e com detalhamento geográfico são fundamentais para as reflexões públicas no contexto do Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho, em 28 de abril, e para todo o mês do Abril Verde”, disse ele.
“O direito a um entorno de trabalho seguro e saudável enseja ambientes de trabalho nos quais se eliminam os riscos ou onde foram tomadas todas as medidas práticas e factíveis para reduzir os riscos a um nível aceitável”, complementa o diretor do Escritório da OIT para o Brasil, Vinícius Pinheiro. Segundo ele, a prevenção deve fazer parte da cultura das organizações.
INSS recebeu 2,3 milhões de pedidos de afastamento
De acordo com o estudo, cuja base das informações está nas comunicações de acidentes de trabalho (CAT) feitas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), só no ano passado, o órgão recebeu 2,3 milhões pedidos de afastamentos por causa de doenças e acidentes de trabalho. No total, foram mais de 148 mil concessões de benefícios previdenciários para acidentados e 6,5 mil de aposentadoria por invalidez
São trabalhadores que sofreram amputações e lesões graves (com frequência 15 vezes maior que a das demais causas), isso provocou três vezes mais acidentes fatais do que a média geral.
Saúde é setor que registra mais acidentes
A atividade de atendimento hospitalar é o setor com maior número de notificações, mais de 59 mil casos. Técnicos de enfermagem foram os profissionais mais acidentados, com 36 mil casos.
Na sequência, os setores com mais acidentes de trabalho são o comércio varejista de mercadorias em geral (18,5 mil), o transporte rodoviário de carga (13,5 mil), o abate de aves, suínos e pequenos animais (10 mil) e a construção de edifícios (10 mil).
Para complementar as informações, o observatório também divulgou dados de notificação obrigatória de atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) relacionados a casos de acidentes de trabalho. Foram 392 mil notificações de acidentes envolvendo trabalhadores.
A cidade de São Paulo ficou em primeiro lugar, no ano passado, mais de 51 mil notificações de acidentes. O Rio vem logo em seguida, com mais de 18 mil, e Belo Horizonte, com 11 mil.