Escrito por: Redação CUT
Diante do cenário de descontrole da pandemia, a realização da Copa América tem preocupado especialistas que criticam Bolsonaro que autorizou o torneio no país em meio ao surto da doença em várias seleções
Com o Brasil se aproximando de 490 mil vidas perdidas para a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e a taxa de transmissão da doença em alta, especialistas estão preocupados com eventos como a Copa América, que está sendo realizada no país, autorizada pelo presidente Jair Bolsoanro (ex-PSL), depois que Argentina e Colômbia desistiram de sediar o torneio.
A Copa da Morte, como está sendo chamada nas redes, pode ser um agente disseminador do vírus, dizem especialistas. Até esta terça-feira (15), já foram registrados 52 casos de Covid-19 - 33 em jogadores e membros das delegações e 19 em prestadores de serviços contratados para o evento.
No último fim de semana, 12 jogadores e uma pessoa da comissão técnica da seleção da Venezuela testaram positivo para Covid-19, na véspera da estreia da equipe venezuelana contra o Brasil, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
A Bolívia, que jogou com o Paraguai nesta segunda-feira (14), confirmou que quatro jogadores testaram positivo para o coronavírus.A Copa América está apenas na fase inicial e só termina em 10 de julho – daqui a 27 dias.
E tudo isso, enquanto o chamado (Rt), a taxa de transmissão do vírus, subiu para 1,07, ou seja, cada 100 pessoas contaminadas transmitem a doença para outras 107 - o que indica que o contágio está sem controle -, segundo levantamento do Imperial College de Londres, que também projeta que o Brasil deve registrar 14.300 óbitos pela Covid-19 nesta semana, um aumento em relação à anterior, quando foram contabilizadas 13.393 mortes pela doença.
A taxa de transmissão é uma das principais referências para acompanhar a evolução epidêmica no país e no mundo. Além disso, a universidade britânica pondera que a precisão das projeções varia de acordo com a qualidade da vigilância e dos relatórios de cada país.
Em videoconferência promovida pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados criticaram, na sexta-feira (11), o médico e membro do comitê de enfrentamento da Covid-19 da prefeitura de Belo Horizonte, Unaí Tupinambás, classificou a Copa América como “um evento desnecessário”.
Para ele, o país estabilizou em um patamar de mortes muito alto e a realização da Copa América sinaliza para o povo que a pandemia acabou, "mostrando realmente um descaso muito grande com todas as vítimas de Covid no Brasil inteiro.”
Em artigo publicado no Estadão, o epidemiologista Gonzalo Vecina, que já foi prseidente da Anvisa, disse que “os riscos da Copa América no Brasil são de uma grande aceleração na pandemia da Covid 19. Não adianta falar que não vai ter público. Teremos aglomerações na porta dos estádios, nos bares e nos restaurantes para torcer".
O segundo com mais mortes
Em números globais da pandemia,o Brasil é o segundo país com maior número de mortes pela doença, está atrás somente dos Estados Unidos. O país é o terceiro em números de casos - está abaixo de EUA e Índia.
Ainda segundo o levantamento do Imperial College, o mundo registrou, até segunda-feira (14), mais de 175 milhões de casos de Covid-19, e mais de 3,7 milhões de vidas perdidas.
As maiores taxas de transmissão da Covid-19 da semana, estimadas pela universidade britânica, foram na República Dominicana (Rt 1,46), Afeganistão (Rt 1,45) e Camboja (Rt 1,31). Já os maiores índices estimados foram no Paraguai (Rt 1,17) e na Argentina (Rt 1,09), seguidos pelo Brasil.
Já as menores taxas de transmissão foram identificadas na Suécia (Rt 0,37), Hungria (Rt 0,39) e Suíça (Rt 0,45).
Brasil tem quase 490 mil mortes
Foram registrados 928 novos óbitos por Covid em 24 horas, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa. Com isso, o total de vítimas da pandemia no país chegou, nesta segunda-feira (14), a 488.404.
Vale ressaltar que aos domingos e segundas-feiras os números de casos e óbitos por Covid-19 no Brasil costumam ficar abaixo das médias normalmente registradas, uma vez que há represamento de testes aos finais de semana por causa das folgas e até fechamento de labboratórios.
A média diária de mortes ficou em 1.970, 5% a mais na comparação com o dado de 14 dias atrás. Há quatro dias, o patamar voltou a se aproximar da marca de 2 mil óbitos por dia, tirando da tendência de redução nos registros vista desde o fim de abril.
O país registrou também 40.865 casos da doença nesta segunda-feira, o que fez o total de infectados subir para 17.454.861. A média de novos casos diários é 67.007, 9% de crescimento em relação há duas semanas.