Brasil soma 414 mil mortes e Fiocruz alerta para abertura precipitada de atividades
De acordo com a Fiocruz, a retomada das atividades de maneira precoce pode levar a um quadro de interrupção da queda, que ainda está com números muito distantes de um cenário de segurança
Publicado: 06 Maio, 2021 - 11h31 | Última modificação: 06 Maio, 2021 - 11h33
Escrito por: Redação CUT
Mesmo com diminuição na média de casos e mortes por Covid-19 nos últimos dias, o Brasil registrou 2.791 novos óbitos em decorrência da doença, nesta quarta-feira (5), totalizando 414.645 mil vidas perdidas desde o início da pandemia e 14.936.464 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus.
A média semanal de vítimas ficou em 2.329, o que é considerado um número bastante elevado, apesar da ligeira queda, mesmo assim, muitas autoridades já estão flexibilizando as restrições nos estados, autorizando o comércio, shoppings e restaurantes a funcionarem mais horas e com mais pessoas.
Pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) ressaltam que a pandemia parece estar desacelerando um pouco neste momento, mas ainda continua em patamares críticos e com números elevados de mortes. Por isso, recomendam às autoridades a manutenção de medidas como o distanciamento físico e social para que a doença não volte a ter um ritmo mais alto de transmissão.
Para os pesquisadores, é precipitada a abertura de atividades econômicas no momento em que os indicadores como as taxas de ocupação de leitos e de transmissão do vírus continuam elevadas e em zonas de risco.
"A retomada das atividades de maneira precoce pode justamente levar a um quadro de interrupção da queda ainda em valores muito distantes de um cenário de segurança", alerta o último Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz.
De acordo com a entidade, tal situação, "não apenas manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, como também a taxa de ocupação hospitalar em níveis preocupantes, impactando todos os atendimentos".
Mesmo com os números em queda, a entidade alerta que a transmissão do vírus ainda é descontrolada no país que viveu recentemente o colapso de várias redes hospitalares, com morte de pacientes na fila por leito e falta de remédios para intubação.
Nesta quarta-feira, o número de novos casos foi de 75.652, segundo o consórcio de imprensa e se aproxima dos 15 milhões de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. O Brasil é a segunda nação com mais registros de óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos.
SP volta a registrar aumento de casos
O estado de São Paulo voltou a registrou um aumento no número de casos de Covid-19, diferentemente da queda que vinha acontecendo nas duas anteriores. A alta ocorre 15 dias depois da flexibilização das regras de isolamento social.
Os números vêm gerando tensão em técnicos ligados à área da saúde sobre a possibilidade de o estado já estar entrando em uma terceira onda de infecções pela doença, informa a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a publicação, eles passaram de uma média diária de 12.573 novos casos para 12.887 na semana passada –um crescimento de 2,5% que ainda não era esperado.
Já as internações, que estavam baixando de forma constante e chegaram a apresentar uma queda de 25%, estacionaram.
Na penúltima semana de abril, a média diária de novas internações foi de 2.243 pessoas. Na semana seguinte, ela ficou em 2.239, numa queda de apenas 0,2%. Ou seja, a curva parou de cair.
Luz amarela acendeu no governo paulista
A situação acendeu a luz amarela no governo. A alta de casos sempre resulta em aumento de hospitalizações e, logo depois, de internações em UTI. E, fatalmente, de mais mortes.
Ainda de acordo com a Folha, o número de pacientes em UTI, que vinha em queda constante, estacionou nas últimas semanas de abril. Mas já começa a apresentar ligeira alta nesta primeira semana de maio.
No domingo (2), 11.301 pessoas estavam internadas em tratamento intensivo no estado. Na segunda (3), o número subiu para 10.144. Na terça (4), para 10.235.
O número de mortes segue em queda em São Paulo, mas ele reflete apenas a baixa de casos e internações de semanas anteriores, que passou de 432 óbitos na semana passada para 360 agora, na média dos três primeiros dias de cada período.
Segundo integrantes do Centro de Contingência, os dados desta semana serão muito importantes para determinar se o aumento no número de casos foi um ponto fora da curva na queda acentuada que vinha acontecendo ou se a doença caminha para uma terceira onda.