Brasil vacinou apenas 2,4 milhões de pessoas, o que equivale a 1,18% da população
Neste ritmo, seriam necessários mais quatro anos para vacinar todos os brasileiros, segundo cálculo do painel MonitoraCovid-19, da Fiocruz
Publicado: 04 Fevereiro, 2021 - 12h07 | Última modificação: 04 Fevereiro, 2021 - 12h13
Escrito por: Walber Pinto
Com a escassez de vacinas, o descaso do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no combate a pandemia do novo coronavírus e a incompetência do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, apenas 2.496.159 milhões de pessoas foram vacinadas no Brasil, o que equivale a 1,18% da população.
Nessa velocidade, seriam necessários mais quatro anos para vacinar todos os brasileiros, segundo cálculo do painel MonitoraCovid-19, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
O país corre atrás do tempo perdido à procura de outras vacinas para imunizar cerca de 211,8 milhões de habitantes, no momento em que a pandemia de agravou com o surgimento de uma nova e mais agressiva cepa do vírus, que foi descoberta no Amazonas, e as mortes diárias passam de mil há 14 dias.
Enquanto o país patina na vacinação, mais 1.209 mortes foram registradas nas últimas 24 horas. O total de vítimas da Covid-19 no país é de 227.592, desde o início da pandemia. De terça (2) para quarta-feira (3), 53.665 novos casos foram confirmados no país. Desde o início da pandemia, já são 9.339.921.
A falta de um comando nacional e de coordenação do Ministério da Saúde tem sido apontada como entrave para a vacinação no país. Pazuello é, inclusive, investigado pela Polícia Federal por possível omissão na falta de oxigênio em Manaus. O pedido de investigação partiu da Procuradoria-Geral da República (PGR), que afirma que o ministro já sabia do problema dias antes do início do colapso, quando a White Martins, empresa que atua na fabricação de gás, informou à pasta sobre escassez de cilindros.
Estoque de vacinas e o que foi negociado
Até agora, o Brasil dispõe apenas 10 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 em todo o território nacional. Apesar do início da distribuição da CoronaVac (vacina produzida em parceria entre a China e o Instituto Butantan) e da vacina de Oxford/AstraZeneca (parceria da Índia com a Fiocruz) ainda não há doses suficientes para imunizar sequer toda a população prioritária incluída na primeira fase da imunização.
Enquanto isso, no mundo, a quantidade de pessoas vacinas chegou a 104 milhões nesta quarta-feira (3), ultrapassando o número de casos, que são mais de 103 milhões.
Anvisa flexibiliza regras para uso emergencial
Nesta terça-feira (3), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu mudar as regras atuais para receber pedidos de uso emergencial de outras vacinas contra a Covid-19, o que pode facilitar a compra da vacina Russa, a Sputnik V.
Uma das principais mudanças é a retirada da exigência de estudos clínicos de fase 3 no Brasil como requisito para análise.
Com a mudança na Anvisa, as empresas podem, a partir de agora, solicitar o uso emergencial de vacinas com base em dados de segurança e eficácia obtidos em testes em outros países. Neste caso, o prazo de análise passa a ser de 30 dias, e não mais de dez dias, como era até então.
30 milhões de doses da Sputnik V e Covaxin
Umas das vacinas que serão beneficiadas pela mudança na Anvisa é a Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, e que, no Brasil, deve ser fabricada pela União Química.
O imunizante da Rússia tem 91,6% de eficácia na prevenção da Covid-19 nos testes de fase 3, de acordo com o artigo publicado na prestigiada revista científica Lancet nesta terça-feira (2). O resultado confirma os resultados preliminares divulgados no fim do ano passado e representam mais uma esperança na superação da pandemia do novo coronavírus no Brasil e no mundo.
Nesta quarta-feira (3), o Ministério da Saúde anunciou que vai se reunir nesta sexta-feira (5) com representantes do instituto russo Gamaleya, fabricante da vacina Sputnik V, e do laboratório indiano Bharat Biotech, fornecedor do imunizante Covaxin, para negociar a compra de mais 30 milhões de doses de vacinas contra a doença.
A mudança da Anvisa em flexibilizar as regras de uso emergencial foi elogiada por infectologistas que defendem que o Brasil tenha outras vacinas de vários países, independentemente do país produtor e questões ideológicas.
8,6 milhões de doses da vacina CoronaVac chega ao Brasil
Na noite desta quarta-feira (3), o avião transportando 5,4 mil litros de insumos para produção da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, chegou ao Brasil.
As doses chegaram no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), por voltas das 23h46, em um voo da China. O material deixou o terminal com destino a São Paulo às 10h desta quinta (4).
Com informaçãoes de Agências