Escrito por: Eduardo Maretti | RBA
Na semana passada, o governo Lula definiu que o slogan do 7 de Setembro será “Democracia, soberania e união”, e vai usar as cores da bandeira nacional na campanha publicitária
Depois de quatro anos de governo extremista de Jair Bolsonaro (PL), Brasília entra na semana de 7 de setembro com duas palavras como ordem do dia: cautela e institucionalidade. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus aliados querem que o Dia da Independência tenha um caráter institucional e de união, após o trauma dos ataques de 8 de janeiro à Praça dos Três Poderes.
Na semana passada, o Palácio do Planalto definiu como slogan do 7 de Setembro “Democracia, soberania e união”. O lema será usado nas cores da bandeira nacional em campanha publicitária sobre a data. Lula deve fazer um discurso provavelmente no dia 6, à noite, com um tom de pacificação, para afastar a sombra de hostilidade e agressões que marcaram a data com o bolsonarismo.
A Esplanada dos Ministérios deve reunir cerca de 30 mil pessoas, segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Haverá um desfile cívico-militar, terrestre e aéreo, na data comemorativa a partir das 9 h.
Está prevista para esta segunda-feira (4) reunião da governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), com o chamado Gabinete de Mobilização Institucional. Constituído como medida preventiva contra eventuais atos violentos na capital federal, o grupo conta com representantes do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Ordem dos Advogados do Brasil, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como da Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A governadora pediu apoio da Força Nacional para o desfile do dia 7. O ofício com a solicitação foi entregue a Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça.
Na semana passada, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal recebeu do ministro da Justiça, Flávio Dino, dez vídeos com informações sobre suposta organização de atos da extrema direita bolsonarista.
Um dos denunciados na mira das instituições é o pastor Silas Malafaia, que postou um desses vídeos de teor golpista, considerado uma convocatória para atos antidemocráticos. Nele, o bolsonarista que vem assumindo a militância mais radical nas últimas semanas têm como alvos generais da cúpula das Forças Armadas e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
“Sabe por que o ditador de toga Alexandre de Moraes comete todas essas injustiças? Nós temos meia dúzia de generais de 4 estrelas que são covardes e frouxos. Não estou falando de golpe, não. Escute bem. Não é o Exército Brasileiro. É meia dúzia de general de 4 estrelas que são frouxos e poderiam botar o pé na porta”, disse o pastor golpista.
O 7 de setembro de 2021 foi o Dia da Independência mais tenso dos quatro anos de bolsonarismo. Naquela data, o então presidente fez seus discursos mais ameaçadores de seu mandato. Foi quando consolidou Moraes como seu alvo, o que perdura nas hostes golpistas até hoje.
“Digo aos canalhas que nunca serei preso”, afirmou, na Avenida Paulista, em São Paulo. “Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”, ameaçou o ex-presidente. Foi quando as instituições começaram a levar mais a sério as intenções golpistas de Bolsonaro.