Escrito por: Redação CUT

Cacique Raoni é internado com Covid-19 em Mato Grosso

De acordo com Instituto Raoni Metuktire, ele está internado com sintomas de pneumonia, mas está em boas condições de saúde

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O cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, líder da etnia Kayapó, está internado em um hospital de Sinop, a 503 km de Cuiabá, com coronavírus (Covid-19). Seu estado é bom, ele não tem febre e respira sem ajuda de aparelhos, segundo nota do Instituto Raoni Metuktire.

No mês passado, Raoni foi internado em Mato Grosso após agravamento do seu quadro de saúde. Segundo a direção do Instituto, o cacique apresentou um quadro depressivo após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, no dia 23 de junho. Ela tinha diabetes e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O líder indígena é reconhecido internacionalmente pela luta que articula pelos povos indígenas. Em 1989, ele teve um encontro histórico com o cantor Sting durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA).

Os dois se reencontraram em 2009 na cidade de São Paulo para conversar sobre a construção da Usina de Belo Monte.

Em novembro de 2012, Raoni foi recebido pelo presidente da França, François Hollande, no Palácio do Eliseu. Na ocasião, o cacique pedia a preservação da Amazônia e dos povos que vivem na região.

No ano passado, Raoni foi chamado pelo presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) de "peça de manobra" usada por governos estrangeiros para "avançar seus interesses na Amazônia".

Em setembro do ano passado, Raoni esteve em Brasília onde se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para falar sobre direitos dos povos indígenas. Um dia antes dessa visita, o presidente da República Jair Bolsonaro havia feito críticas diretas ao cacique. “Acabou o monopólio do senhor Raoni”, disse, ao citar Ysani Kalapalo, liderança indígena que viajou com Bolsonaro aos Estados Unidos.

Em junho do ano passado, em entrevista ao Estadão, Raoni fez críticas duras à forma como o governo Bolsonaro tem conduzido as políticas indigenistas e disse que seu povo corre o risco de desaparecer, se nada for feito. “Queremos dialogar com o governo, mostrar a ele que nós, indígenas, não aceitamos o que Bolsonaro pensa sobre nós, não aceitamos a violação dos direitos indígenas e dos territórios indígenas. Essa gestão é contra o povo indígena”, disse.

Desde o início do governo Bolsonaro, as demarcações de terras indígenas no País foram paralisadas. O que se pretende é abrir as áreas atuais para exploração das áreas, o que hoje é proibido por lei.

Com informações da Agência Estado.