Escrito por: RBA
Pelo menos até 10 de maio, as temperaturas acima do normal seguem. Estudo da Organização Internacional do Trabalho – OIT – revela como as ondas de calor mais frequentes afetam a saúde do trabalhador
Uma onda de calor atinge o Brasil desde o dia 22 de abril. Segundo previsões da agência Climatempo, essa condição climática persistirá até, pelo menos, o dia 10 de maio. Esta é a quarta onda de calor que o país enfrenta desde o início do ano. Até então, 2024 segue um padrão atípico de calor extremo que já se estende desde 2023. O último ano foi o mais quente registrado desde o início das medições oficiais. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta para riscos severos na saúde do trabalhador diante deste cenário.
As altas temperaturas têm sido sentidas em vastas áreas do território nacional. Especialmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, além de partes do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Estima-se que, até o dia 10 de maio, as temperaturas nessas regiões possam superar em até 5ºC a média histórica para o período. Um exemplo é o 1º de maio, quando quem comparecer ao ato em São Paulo pode enfrentar temperaturas acima dos 32 graus Celsius.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de perigo relacionado à onda de calor, válido até quarta-feira (1º). O alerta abrange o Mato Grosso do Sul e partes do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Além disso, em áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Rondônia, as temperaturas também deverão ficar de 3ºC a 5ºC acima da média.
O aquecimento global tem apresentado impactos visíveis no Brasil, com as mudanças climáticas contribuindo para eventos climáticos extremos como essa onda de calor. Entre os principais afetados estão os trabalhadores, conforme destacado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em um recente documento.
De acordo com a OIT, a crise climática aumenta a exposição a perigos como calor excessivo, radiação ultravioleta, fenômenos meteorológicos extremos e doenças transmitidas por vetores. O relatório “Garantir a segurança e a saúde no trabalho num clima em mudança” revela que as alterações climáticas criam um “coquetel” de graves riscos para a saúde de 70% dos trabalhadores globalmente.
O estudo ressalta que as medidas atuais em favor da segurança e saúde no trabalho têm dificuldade em acompanhar esses riscos. Resultando em mais de 2,4 bilhões de trabalhadores expostos ao calor excessivo em algum momento de suas carreiras. Isso contribui para cerca de 18.970 mortes e 2,09 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade anualmente devido ao calor excessivo no ambiente de trabalho.
As estimativas apontam haver 1,6 bilhões de trabalhadores expostos à radiação ultravioleta. Mais de 18.960 mortes relacionadas com o trabalho são registradas por ano devido ao câncer de pele não melanoma, segundo o relatório. Em áreas como agricultura, mais de 870 milhões de envolvidos estariam em risco devido a pesticidas. Nesse setor há mais de 300 mil mortes atribuídas anualmente ao envenenamento por pesticidas.
Além disso, mais de 26,2 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com uma doença renal crônica associada ao estresse térmico no trabalho. O estudo enfatiza que o impacto das mudanças climáticas nos trabalhadores vai além da exposição ao calor excessivo, criando uma série de perigos de saúde decorrentes de condições climáticas extremas.