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Câmara aprova urgência de PL que acaba com reserva de leitos em hospitais militares

Mesmo na fase mais crítica da pandemia, com pessoas morrendo por falta de leito, mais de 85% dos leitos das Forças Armadas estavam vazios, reservados para os militares e familiares

Publicado: 06 Maio, 2021 - 14h36 | Última modificação: 06 Maio, 2021 - 15h38

Escrito por: Redação CUT

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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A Câmara dos Deputados aprovou por unanimidade, nesta quarta-feira (5), requerimento de urgência para o projeto que autoriza o uso de leitos desocupados nos hospitais das Forças Armadas pela população em geral. Com isso, o projeto pode ser votado diretamente no plenário, sem passar pelas comissões.

O PL foi apresentado como alternativa à alta demanda por leitos hospitalares, como ocorreu no Amazonas, em fevereiro, e em várias cidades do Brasil, onde pessoas morreram no pico da segunda onda por falta de leitos em hospitais, enquanto a rede das Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronaútica – reservam leitos em hospitais militares, tanto em enfermarias quanto em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), para os militares e seus familiares.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, no início de abril, planilhas com dados sobre ocupação de leitos para pacientes com Covid-19 mostraram que havia unidades das Forças Armadas com até 85% das vagas disponíveis.

Os dados foram disponibilizados depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a divulgação de informações sobre os leitos destinados a pacientes com Covid-19.

O ministro do TCU Benjamin Zymler afirmou que, “diante de uma carência generalizada de leitos para a internação de pacientes acometidos pela Covid-19, é de se esperar que todos os meios disponíveis estejam à disposição da população brasileira, não sendo possível pensar em reserva de vagas financiadas com recursos públicos para determinados setores da sociedade”.

Se preparando para terceira onda

O cenário da pandemia de Covid-19, doença provocava pelo novo coronavírus, ainda é preocupante e não está descartada uma terceira onda da doença no Brasil. Sem leitos, muitos vão morrer como ocorreu na segunda onda.

Mesmo com a ligeira queda de mortes e casos da doença, em várias regiões do país, prefeitos e governadores já estão flexibilizando as restrições, autorizando o comércio, shoppings e restaurantes a funcionarem mais horas e com mais pessoas. E isso na semana em que se comemora o dia das mães, que deve levar centenas de pessoas às ruas das cidades e nas casas de suas famílias. Aglomeração, como já se sabe, contribui para aumentar a transmissão do vírus e, consequentemente, o número de pessoas que contraem a forma mais grave da doença.

A precipitada a abertura de atividades econômicas acontece no momento em que os indicadores como as taxas de ocupação de leitos e de transmissão do vírus continuam elevadas e em zonas de risco.

Para os pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), a situação ainda continua em patamares críticos e com números elevados de mortes. Por isso, recomendam às autoridades a manutenção de medidas como o distanciamento físico e social para que a doença não volte a ter um ritmo mais alto de transmissão.

Sobre o Projeto de Lei

O Projeto de Lei (PL) nº 457 de 2021 (leia a íntegra), de autoria do deputado Eduardo Bismarck (PDT-CE), prevê que os leitos dos hospitais das Forças Armadas sejam disponibilizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto durar a emergência sanitária e, assim, possam ser usado por todos os brasileiros e não apenas pelos militares e seus familiares.