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Câmara de Caxias do Sul abre processo de cassação do vereador que atacou baianos

Por unanimidade a Câmara de Vereadores de Caxias do Sul abriu processo de cassação contra Sandro Fantinel, que ofendeu o povo baiano após descoberta de trabalho escravo na região

Publicado: 03 Março, 2023 - 08h14 | Última modificação: 03 Março, 2023 - 08h21

Escrito por: CUT-RS

Divulgação
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Sessão na Câmara de Caxias que aprovou a abertura de processo de cassação
Por 21 votos a 0, a Câmara Municipal de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha aceitou o pedido para abrir o processo de cassação do mandato do vereador bolsonarista Sandro Fantinel (ex-Patriota). A decisão foi aprovada por unanimidade, já que o presidente da Casa não vota e Fantinel se ausentou. A sessão foi realizada na manhã de quinta-feira (2) e começou por volta das 9h30, com falas a favor da cassação do vereador.

Fantinel, que foi expulso do Patriota, é acusado de quebra de decoro após o discurso feito na tribuna na terça-feira (28) com falas preconceituosas, racistas e xenófobas contra 207 trabalhadores, quase todos baianos, que foram resgatados da situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves.

Vereador do PatriotaVereador do Patriota
                                 Vereador Sandro Fantinel (ex-Patriota), durante o discurso repugnante

Os trabalhadores haviam sido contratados por uma empresa terceirizada para atuar na colheita da safra da uva para as vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi e para 23 proprietários rurais,

No discurso, o vereador sugeriu aos produtores e empresários da região que "não contratem mais aquela gente lá de cima" e ofendeu a dignidade do povo baiano ao dizer que "a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor".

Ele também disse que "todos os agricultores que têm argentinos, só batem palma, porque são limpos, trabalhadores, corretos, cumprem horário, mantêm a casa limpa e, no dia de ir embora, ainda agradecem o patrão".

Pressão Caxias3Pressão Caxias3

O plenário está lotado de trabalhadores e trabalhadoras, sindicalistas e representantes de movimentos sociais, que protestaram com veemência contra o pronunciamento do vereador que repercutiu em todo o Brasil. “É desumano, vergonhoso e inadmissível ver que há brasileiros capazes de defender a crueldade humana”, postou no Twitter o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).

Integrantes do movimento negro entraram no recinto tocando os seus tambores para expressar a sua indignação diante dos ataques descabidos de Fantinel ao baianos.

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                                           Foto: Bianca Prezzi / Câmara de Caxias do Sul

Não é de hoje que o vereador comete desaforos. Ele já atacou a memória de Ulysses Guimarães, fez insinuações homofóbicas contra o governador Eduardo Leite (PSDB) e desestimulou a vacinação contra a Covid-19.

Comissão Processante

Com a admissibilidade do pedido, o processo segue a tramitação no Legislativo. Já foi formada uma Comissão Processante, integrada por três vereadores escolhidos por meio de sorteio: Tatiane Frizzo (PSDB), Felipe Gremelmaier (MDB) e Edi Carlos Pereira de Souza (PSB).

A sessão foi suspensa por quase uma hora para a eleição entre eles para as funções de presidente (Tatiane Frizzo), relator (Edi Carlos) e participante (Felipe Gremelmaier).

O grupo tem até 90 dias para coletar subsídios materiais e ouvir a defesa de Fantinel. Depois será divulgado um parecer e, então, irá à votação em plenário. Para a cassação, é preciso dos votos favoráveis de dois terços dos vereadores.

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Mobilização não vai parar

A secretária de Movimentos Sociais da CUT-RS e presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul, Silvana Piroli, acompanhou os debates na Câmara e a votação dos vereadores e destacou que a mobilização por trabalho decente e pela cassação do vereador não vai parar.

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                              Silvana Piroli (ao centro), dirigente da DUT-RS e do Sindiserv Caxias do Sul

“É preciso que tenhamos vigilância, estejamos atentos e organizados para lutar contra qualquer tipo de ódio, seja nas redes sociais, seja nos pronunciamentos, para que a gente não propague nenhuma questão que envolva o ódio, o racismo, qualquer tipo de preconceito”, destacou.

Para Silvana, “a luta é pelo trabalho decente já, pelas condições dignas de trabalho, pela revogação da lei das terceirizações que tanto mal fazem aos trabalhadores. Para que a gente possa construir um Brasil mais igual, justo e solidário”.