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Caminhoneiros insistem na isenção de impostos sobre o diesel para encerrar greve

Categoria se dividiu na reunião com o governo: Abcam quer a lei que isenta o diesel do PIS/Cofins e fim da CIDE. Já a CNTA, sinalizou que vai aceitar pedido de trégua. Efeitos da greve são sentidos no País

Publicado: 24 Maio, 2018 - 17h48 | Última modificação: 24 Maio, 2018 - 18h03

Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT

Reprodução Facebook
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No quarto dia da greve dos caminhoneiros os efeitos dos bloqueios e paralisações já podem ser sentidos na maioria dos Estados brasileiros e os representantes do governo e da categoria ainda não chegaram a um acordo.

O encontro realizado na tarde desta quinta-feira (24) entre o governo e entidades que representam os grevistas terminou em impasse. A Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), que diz representar cerca de 700 mil caminhoneiros, quer manter a paralisação até que seja aprovada e sancionada a lei que desonera o diesel do PIS/Cofins e da CIDE. Os representantes da Abcam abandonaram a reunião desta tarde antes que se chegasse a um acordo.

Já a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que diz representar um milhão de caminhoneiros, e outras entidades aceitaram o pedido de trégua do governo e estão em uma reunião paralela para debater o futuro do movimento grevista. Depois, voltarão a se reunir com os representantes do governo.

Pressionado, o Senado, que havia dado um prazo de duas semanas para analisar a isenção já aprovada na noite da úlitma quarta-feira (23) na Câmara dos Deputados, decidiu convocar uma sessão extraordinária para esta sexta-feira (25). O objetivo é buscar uma solução para a greve dos caminhoneiros.

Efeitos da greve

Desde a manhã desta quinta-feira (24) está faltando combustível nos postos das principais capitais do país. Frotas de transporte público circulam com 50% da capacidade de operação, falta querosene em alguns aeroportos nacionais e a possibilidade de desabastecimento nas centrais de abastecimento são algumas das consequências da paralisação.

Em Brasília, motoristas enfrentam filas quilométricas nesta quinta-feira para abastecer os carros por quase R$ 10,00 o litro da gasolina. Em João Pessoa, capital da Paraíba, os postos da cidade estão gradeados, indicando aos motoristas que o combustível está em falta.

O Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) comunicou que treze aeroportos, entre eles os de Brasília, Confins (MG) e Recife (PE), podem ficar sem combustível nesta quinta-feira, caso não ocorra reposição de querosene..

“A direção do SNA apoia o movimento da categoria e orienta o público usuário a entrar em contato com as companhias aéreas antes de tentar embarque, para verificar a disponibilidade dos vôos”, alertou o sindicato em seu site oficial. A entidade também orienta como os passageiros devem proceder nessa situação. 

De braços cruzados desde a segunda-feira (21) os caminhoneiros reclamam dos preços abusivos do diesel e os impostos que incidem sobre os combustíveis. Eles criticam também os frequentes reajustes, que nada mais são do que o reflexo da política de preços da gestão de Pedro Parente na Petrobras, em vigor desde julho de 2017, depois do golpes.

No início da noite desta quarta-feira (23), Parente anunciou que a empresa reduzirá 10% do preço do óleo diesel, e que manterá este valor durante as próximas duas semanas. A medida significa uma diminuição de R$ 0,25 no preço do combustível – antes do anúncio, custava R$ 2,3 nas refinarias.

No entanto, o aceno do governo golpista foi rechaçado e a greve persistirá até que o presidente ilegítimo Michel Temer (MDB) sancione e publique a decisão de zerar a alíquota do PIS-Cofins incidente sobre o diesel, segundo informou à imprensa um representante dos grevistas. “O movimento dos caminhoneiros não dá credibilidade a promessas feitas por Temer”, responderam.

Transporte público escasso

A falta de combustível reduziu a circulação tanto de ônibus escolares quanto de transporte público, dificultando o deslocamento de estudantes e de trabalhadores e trabalhadoras.

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) emitiu comunicado suspendendo as atividades desta tarde e noite (24) nos campi Recife, Vitória e Caruaru.

Em Primavera do Leste (MT), cinco ônibus escolares tiveram a circulação suspensa, afetando o transporte de cerca de 500 estudantes e 15 professores e funcionários de escolas públicas.

Em Belo Horizonte (MG), a circulação dos ônibus foi cortada pela metade nos períodos de menor pico, entre 9h e 16h e entre 20h e 0h.

Na cidade do Rio de Janeiro menos de 70% da frota de ônibus do transporte coletivo está em circulação.

Alimentos perecíveis

O desabastecimento de alimentos também começa a ser sentido a partir deste quarto dia de greve.

No Rio de Janeiro, produtos comercializados nas Centrais de Abastecimento (Ceasa), principal centro de distribuição de hortifrutigranjeiros no estado, já registram grande alta de preços.

Em comunicado oficial, a Ceasa avisa que devido à greve dos caminhoneiros, houve mudanças significativas nos preços dos produtos comercializados nas Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro na unidade de Irajá, sendo a primeira grande alta de produtos hortifrutigranjeiros no ano de 2018. “Isso ocorreu devido a Minas Gerais ser um dos principais estado que abastece a Ceasa – RJ e o estado com mais pontos de protestos”, justificou.

No Rio Grande do Sul, a Ceasa gaúcha informa que o desabastecimento no setor atacadista chegou a níveis alarmantes e desde ontem (23) o Estado está sendo afetado em sua comercialização em virtude do movimento grevista dos caminhoneiros. “O setor dos produtores deverá sofrer nesta quinta-feira, dia de grande movimento, um desabastecimento significativo, podendo deixar Porto Alegre e a região metropolitana sem produtos”.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou, por meio de nota, que a cadeia produtiva da avicultura e da suinocultura do país, iniciou esta quinta-feira com 120 plantas frigoríficas paradas – produtoras de carne de frango, perus, suínos e outros.  “Mais de 175 mil trabalhadores estão com atividades suspensas em todo o país”. A entidade pede, ainda, a liberação das cargas vivas que, em alguns pontos das estradas, estão sem alimentação há mais de 50h.