Escrito por: Redação RBA
Ministro da Infraestrutura anunciou linha de crédito para manutenção dos caminhões. Trabalhadores contestam: mais da metade dos caminhoneiros está com o nome sujo. Vamos conseguir pagar esse crédito?
Caminhoneiros não descartam uma nova greve, após as medidas anunciadas pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, nesta terça-feira (16), como forma de agradar a categoria e dissipar a ameaça de nova paralisação, como a ocorrida em maio do ano passado. Apesar de o governo claramente temer a repetição do movimento, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) afirma que as medidas não dissolvem as tensões entre os caminhoneiros.
O pacote inclui a liberação de uma linha de crédito de até R$ 30 mil para o caminhoneiro autônomo que quiser investir na manutenção do seu veículo e compra de pneus. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro já havia interferido diretamente no preço do diesel, suspendendo um aumento que já havia sido anunciado pela Petrobras.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, os caminhoneiros afirmam que as principais reivindicações da categoria, que envolvem o cumprimento do tabelamento do frete e redução do preço do diesel, não foram contempladas no pacote anunciado pelo governo Bolsonaro.
"Nada do que o ministro da Infraestrutura anunciou nos ajuda. É um avanço conseguir pegar dinheiro no BNDES a baixo custo? É. Mas hoje, mais da metade dos caminhoneiros está com o nome sujo no Serasa. Nós vamos conseguir pegar esse crédito?", questionou Wanderlei Alves, o Dedéco, da CNTA de Curitiba.
Entre as medidas anunciadas pelo Palácio do Planalto, estão também a liberação de R$ 2 bilhões para obras nas rodovias, além de mais um total de R$ 500 milhões, via BNDES, para atender os caminhoneiros autônomos que queiram investir em manutenção dos caminhões e compra de pneus, com teto de até R$ 30 mil por pessoa, com um limite de dois veículos por CPF.
O governo também se comprometeu a concluir as obras da BR-163, fundamental para o setor do agronegócio na região Centro-Oeste, que pretende utilizar a rodovia para escoar sua produção. Além disso, o Planalto anunciou que irá pavimentar estradas e construir áreas de descansos nas vias.
Ainda de acordo com Dedéco, é certo que haverá novas paralisações já no próximo mês. "O pessoal está eufórico. Vai parar dia 21 de maio. Isso se não parar antes, se houver aumento do diesel", afirmou.
Em Portugal, motoristas de caminhão iniciaram greve na última segunda-feira (15). E 48 horas depois do início da paralisação, metade dos postos portugueses já não tem qualquer tipo de combustível, segundo o Jornal Econômico.
A greve dos cerca de 800 motoristas de caminhão que transportam matérias perigosas, como combustíveis, paralisou o país. O governo português decretou ontem (16) o estado de alerta de proteção civil.
Os trabalhadores exigem avanços nos direitos trabalhistas. A União Nacional de Motoristas de Cargas Perigosas disse que a greve continuará até que suas exigências sejam atendidas.