Campanha 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher começa em 20/11
No Brasil, início da campanha da ONU coincide com o dia da Consciência Negra já que as mulheres negras são as maiores vítimas da violência. Quatro morrem a cada dia no país
Publicado: 17 Novembro, 2022 - 15h05
Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini | Editado por: Marize Muniz
Começa no próximo domingo (20) a campanha mundial das Organizações das Nações Unidas (ONU) que visa dar visibilidade ao permanente combate à violência contra as mulheres. No Brasil, a mobilização “21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher” tem início no dia da Consciência Negra porque é esta a camada da população que mais é vitimada pelas diversas formas de agressão.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2020, mostram que 61,8% das vítimas de feminicídio no país são negras. Foram registradas 1.350 mortes de mulheres negras somente no ano de 2020. Do total, 74,7% tinham entre 18 e 44 anos e 81,5% foram mortas por companheiros ou ex-companheiros.
Um levantamento de 2019, feito pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do governo federal, detalha as formas de violência contra as mulheres negras no Brasil:
- Por dia, morrem quatro mulheres negras em idade fértil
- A cada hora, duas mulheres negras são estupradas
- Por dia, 10 mulheres negras sofrem violência física
- A cada semana, 12 mulheres negras são vítimas de violência psicológica ou moral
Campanha
Com a participação da CUT, a campanha “21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher” é realizada por meio de diversas atividades como oficinas, debates e mobilizações com objetivo de chamar a atenção da sociedade para esta realidade e cobrar de governos a adoção de políticas públicas efetivas, nas mais diversas áreas como saúde e segurança, que possam promover maior proteção e acolhimento das vítimas.
Além da CUT e entidades do movimento sindical, o Congresso Nacional, por meio da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, da Procuradoria Especial da Mulher do Senado e da Liderança da Bancada Feminina do Senado, também participa das atividades.
Onde denunciar
A campanha também orienta as mulheres para que se protejam e denunciem os casos de violência.
- As mulheres podem denunciar nos canais oficiais como o 180;
- Na CUT-São Paulo, que dispõe de um canal para ouvir e intermediar o apoio a mulheres vítimas de violência. Para denunciar, basta enviar um e-mail para o endereço bastadeviolencia@cutsp.org.br, com contato e descrição da situação. O sigilo é garantido em todos os casos.
Mais dados sobre a campanha
A Campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres” é realizada todos os anos em mais de 150 países. A mobilização envolve diversos setores da sociedade civil e do poder público. O período compreende as seguintes datas:
- 20 de novembro – Dia da Consciência Negra (início da campanha no Brasil);
- 25 de novembro – Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres;
- 29 de novembro – Dia Internacional dos Defensores dos Direitos da Mulher;
- 1º de dezembro – Dia Mundial de Combate à Aids;
- 3 de dezembro – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência;
- 6 de dezembro – Dia dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres (campanha do Laço Branco);
- 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos e encerramento oficial da campanha.
Mais dados sobre a violência
Além dos casos relacionados ao racismo, outros temas são abordados na campanha. De acordo com dados levantados pelo Instituto Patrícia Galvão, a violência contra as mulheres envolve também a orientação sexual - 79% das mulheres sofreram algum tipo de lesbofobia e 25% das mulheres lésbicas já sofreram discriminação em atendimentos ginecológicos. Ainda nessa questão, uma travesti ou mulher trans sofre assédio a cada dois dias no país.
O estudo aponta ainda que, no geral, uma menina ou mulher é estuprada a cada 10 minutos; três mulheres são vítimas de feminicídio por dia e a cada hora, 26 mulheres sofrem algum tipo de agressão física no país.