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Campanha dos bancários discute defesa do emprego e regras para o trabalho em casa

Mesmo com lucro de R$ 18 bilhões apenas no primeiro trimestre, cinco principais bancos fecharam 11,5 mil vagas em 12 meses

Publicado: 06 Agosto, 2020 - 12h56 | Última modificação: 06 Agosto, 2020 - 13h04

Escrito por: Redação RBA

Sind. Bancários SP
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Representantes do Comando Nacional dos Bancários e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) voltam à mesa virtual de negociação nesta quinta-feira (6), a partir das 14h. Na pauta da campanha dos bancários, talvez o tema mais sensível desta campanha salarial: o emprego. Mesmo com lucro que somou R$ 18 bilhões apenas no primeiro trimestre deste ano, os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander) fecharam 11,5 mil postos de trabalho em 12 meses. O Santander, descumprindo compromisso assumido com os trabalhadores, já cortou 700 vagas neste período de pandemia.

A pauta de reivindicações dos bancários, que têm data-base em 1º de setembro, inclui cláusula específica sobre o tema. “As empresas garantirão o emprego dos trabalhadores abrangidos por esta convenção durante a vigência da mesma sendo vedada a demissão em massa, bem como a rotatividade”, diz o artigo 39.

Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, não há justificativa para que o setor demita, diante dos resultados obtidos. “É preciso que os bancos, que operam como concessões públicas, tenham responsabilidade social – ainda mais neste momento de pandemia, e também na pós-pandemia, quando a economia precisará viver um momento de intensa recuperação – e não colaborem para o aumento da já elevadíssima taxa de desemprego no país. Além disso, é necessário combater a sobrecarga de trabalho no setor bancário, um dos principais fatores de adoecimento da categoria. Isso não se faz demitindo, e sim contratando”, afirma Ivone, que também integra a coordenação do Comando Nacional.

Parâmetros para home office

Outra reivindicação da campanha dos bancários, discutida ontem (4) com os bancos, refere-se ao teletrabalho ou home office. O detalhado artigo 56 da pauta entregue à Fenaban estabelece uma série de “parâmetros mínimos” para a prestação de serviço a distância. Trata de modalidade de contratação, remuneração, benefícios, equipamentos, jornada, custos, saúde e segurança para o trabalho em casa.

Durante a pandemia, até 300 mil bancários – dois terços da categoria no país – permaneceram em home office. “Tem de ter controle da jornada de trabalho, não pode ter aumento de meta para quem está em teletrabalho. Tem de cumprir a jornada, pagar os custos com equipamentos e internet. Também tem de ter o direito a desconexão, para que o trabalho não invada o horário de almoço, a noite e a folga”, afirma a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Setor Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, coordenadora do Comando.

A pedido dos bancários, o Dieese realizou pesquisa sobre o tema com aproximadamente 11 mil trabalhadores. Apenas 19% afirmaram ter um cômodo apropriado para o serviço em casa. Perto da metade (44,8%) usa a sala como escritório. E até a cozinha é utilizada: foi a opção para 5,1% dos entrevistados.