Campo progressista vence eleição na Fasubra Sindical
Após seis anos, campo democrático e popular recuperou a maioria na direção da Fasubra Sindical. Ligados à CUT, os coletivos UNIR e Ressignificar farão parte da nova diretoria
Publicado: 07 Junho, 2018 - 16h36 | Última modificação: 07 Junho, 2018 - 16h57
Escrito por: Redação CUT
Entre os dias 6 a 11 de maio ocorreu, na cidade de Poços de Caldas, o XXIII Confasubra, onde 1.122 delegadas e delegados estiveram presentes representando trabalhadores de universidades e instituições federais de ensino de todo o país.
A Chapa do Coletivo UNIR – Unidade, Resistência e Luta, ligada à CUT, conquistou oito cargos na nova direção da Fasubra Sindical, dentre os quais uma coordenação geral e uma coordenação de administração e finanças.
Em nota, o Coletivo comemora a vitória cutista na eleição da entidade. "É imperioso afirmar que o campo cutista saiu vitorioso na nova composição que reúne, ainda, os diretores do Coletivo Ressignificar, que também se organiza na CUT. Importante destacar que após seis anos, em duas gestões consecutivas, o campo democrático e popular recuperou a maioria na direção", diz trecho do documento.
Confira a nota na íntegra:
Campo progressista vence o XXIII CONFASUBRA
Congresso da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil teve participação de 1122 delegados(as) e presença de representações de sindicatos filiados à CUT.
No período de 06 a 11 de maio, trabalhadores e trabalhadoras das instituições de ensino superior de todo país participaram, em Poços de Caldas, Minas Gerais, do 23° Congresso da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (CONFASUBRA), instância máxima de deliberação da FASUBRA Sindical, entidade nacional que congrega sindicatos de universidades federais e estaduais, centros tecnológicos e institutos federais brasileiros.
Durante o congresso, que contou com a presença de 1122 delegados e delegadas, além de cerca de 200 observadores e convidados, os trabalhadores debateram temas como conjuntura nacional e internacional, organização sindical, educação pública - em especial o desmonte do sistema público de educação superior e dos hospitais universitários de ensino, e a temática opressões, debates estes que superaram a pauta meramente corporativa e nortearam as discussões em mesas e grupos de trabalho nos cinco dias do CONFASUBRA.
Mesa central
Resistência, unidade da esquerda e construção de um projeto único para enfrentar os ataques foi o tom dado pelas principais análises durante o debate de conjuntura nacional e internacional, realizado no segundo dia do Congresso. Representou a Central Única dos Trabalhadores a presidenta da CUT Minas, professora Beatriz Cerqueira, que dividiu a mesa com representações de outras centrais sindicais.
Em sua análise, ela afirmou que o que está acontecendo no país atualmente é uma ruptura democrática, um novo golpe de Estado, mas que em vez de usar tanques, utiliza a mídia, o Congresso Nacional e o judiciário. “O golpe não foi um ataque contra o PT; ele veio para eliminar todos nós que estamos neste congresso de trabalhadores, pois querem acabar com a resistência e este plenário é um exemplo dessa grande resistência”. Para Beatriz, o projeto em curso no Brasil exclui a Classe Trabalhadora: “estamos sendo expulsos do Estado brasileiro, pois a direita está disputando o orçamento, como nunca o fez antes. Coloca-se contingenciamento, a EC 95, busca-se fazer uma reforma da Previdência e revisam-se todos os benefícios da população mais vulnerável, aquela que não consegue ainda se mobilizar, como nós temos feito. Eles não estão se importando com a legitimidade, estão se impondo e rasgando a Constituição de 1988”, denuncia a sindicalista.
Para Beatriz, com a conjuntura adversa o caminho a seguir é o da unidade. “Não podemos fazer apenas a luta da categoria; o enfrentamento tem que ser amplo”. Ela ressalta que existem atualmente duas frentes importantes, Brasil Popular e Povo Sem Medo, mas que é preciso compor frentes maiores, que façam lutas gerais, “pois no governo Temer não há apenas ausência de reajustes, e, sim, demissões, privatizações, terceirizações e precarização dos serviços públicos”, alerta a presidenta da CUT Minas.
Nas análises, foram evidenciadas ainda a crise política, social e econômica no país, os retrocessos impostos pelas alianças do governo ilegítimo de Michel Temer com o capital transnacional, o avanço do conservadorismo e suas pautas, a intervenção militar no Rio de Janeiro, as perseguições, prisões e mortes de militantes, o ataque sem precedentes à classe trabalhadora, com a retirada de direitos e conquistas sociais e a evidente estratégia de privatização das riquezas nacionais, especialmente o pré-sal e as empresas de energia, dentre outros pontos.
UNIR a FASUBRA
Foi também com esta análise que o Coletivo UNIR – Unidade, Resistência e Luta - se apresentou no 23º CONFASUBRA como uma alternativa de resistência ao Golpe em curso no país. Destacou-se, ainda, o posicionamento em defesa da unidade da esquerda e do exercício de um sindicalismo que vá além das questões corporativas, e que organize os trabalhadores no enfrentamento ao fascismo e à nova fase do capitalismo em curso. O Coletivo UNIR, novo grupo político que atua na FASUBRA Sindical, é resultante da unificação nacional do Coletivo Tribo com os Independentes Cutistas, surgido num contexto de profundas mudanças no Brasil e que refletem na organização da Classe Trabalhadora.
Impeachment foi golpe; Lula é preso político
Os integrantes do coletivo UNIR defenderam que o CONFASUBRA e a FASUBRA Sindical deveriam reafirmar a caracterização do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Roussef, reconhecendo-o como um golpe contra a democracia, da qual ela foi vítima em um complô da mídia, parlamento e judiciário. Reafirmou-se, ainda, a ilegitimidade do governo Temer e a definição de denúncia à prisão política do presidente Lula, por entendê-la como a extensão e o ápice do golpe contra a democracia e a esquerda brasileira. Para dar consequência a essa deliberação foi apresentada a necessidade de participação da Federação na campanha LULA LIVRE.
FASUBRA em nova perspectiva
O Coletivo UNIR avalia que é este o momento de a FASUBRA Sindical recuperar seu protagonismo e a capacidade de articular e construir projetos para disputar em todos os espaços, inclusive no parlamento, atuando para garantir incondicionalmente os interesses da classe trabalhadora. O grupo reafirma, ainda, a importância da Central Única dos Trabalhadores na luta contra as ameaças neoliberais, defendendo que as entidades de base e a Federação façam o debate e busquem a filiação a esta Central, essencial nos processos coletivos de organização e na negociação das nossas pautas e reivindicações.
O Coletivo UNIR esteve presente em todos os debates, encaminhando suas proposições para a Plenária final do CONFASUBRA. Por fim, no último dia do evento, na eleição para nova Direção Nacional, que cumprirá mandato de três anos, a Chapa do UNIR conquistou oito cargos na nova direção, dentre os quais uma coordenação geral e uma coordenação de administração e finanças.
É imperioso afirmar que o campo cutista na FASUBRA Sindical saiu vitorioso na nova composição que reúne, ainda, os diretores do Coletivo Ressignificar, que também se organiza na CUT. Importante destacar que após seis anos, em duas gestões consecutivas, o campo democrático e popular recuperou a maioria na direção da FASUBRA Sindical, somando-se as direções de coletivos cutistas e da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), ainda que não tenha havido chapa unificada entre os grupos.
Além de consolidar a atuação do UNIR na Federação, o novo coletivo tem como meta trabalhar para superar as divisões fratricidas internas e priorizar a pauta que unifica, na perspectiva do enfrentamento e da resistência às ameaças golpistas, buscando a unidade dos trabalhadores e das centrais sindicais na construção de uma frente ampla de lutas.
Defesa da educação e da saúde pública
Durante o CONFASUBRA, os presentes debateram, ainda, questões centrais para o sistema público de educação superior. Além das denúncias aos ataques que visam o desmonte das instituições – universidades federais e estaduais, institutos e centros federais – o debate focou no sucateamento dos hospitais universitários, principalmente após a entrada da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) nas instituições. A situação pode se deteriorar ainda mais com a entrada em vigor da EC 95, que congela, por 20 anos, investimentos nas áreas da saúde e da educação, o que pode significar o fim da presença do Estado nestas áreas, com a privatização desses serviços.
Opressões
A luta das mulheres, o combate à homofobia, sexismo, racismo e todo tipo de preconceito reafirmaram a necessidade de a FASUBRA Sindical ampliar seu compromisso com tais pautas, fortalecendo as lutas contra as opressões na sociedade. As explanações dos convidados e convidadas e as intervenções do plenário enfatizaram o repúdio à violência. Destacou-se especialmente, a simbologia da execução, no Rio de Janeiro, da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson, e a ausência de resultados na investigação desses crimes. Evidenciou-se, ainda, que a violência tem nome e endereço preferenciais, atingindo principalmente a juventude negra e periférica, principal alvo nos assassinatos que ocorrem aos milhares no Brasil anualmente, numa assombrosa estatística de genocídio aos pobres no país.