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Camponeses paraguaios exigem renúncia de Horacio Cartes

“Queremos uma Pátria sem narcopolítica nem terrorismo de Estado”

Publicado: 29 Outubro, 2015 - 16h53 | Última modificação: 29 Outubro, 2015 - 17h52

Escrito por: Leonardo Severo, de Assunción

Leonardo Severo
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Camponeses dizem basta ao desgoverno vende-pátria

“Somos milhares marchando por uma Pátria nova, desenvolvida, sem narcopolítica nem terrorismo de Estado, com justa distribuição das terras e da riqueza. Por isso exigimos, com todas as nossas forças, a renúncia do presidente Horacio Cartes”, afirmou Dora Flecha, no comando da manifestação que tomou a Praça de Armas, em frente ao Congresso Nacional do Paraguai, em Assunção, na manhã desta quinta-feira.

Sob um sol escaldante, homens e mulheres, jovens e idosos, vindos de diversos estados, se concentraram na Calle Última, de onde marcharam cerca de sete quilómetros desde as primeiras horas da manhá. Erguendo faixas e cartazes eles denunciaram que “privatização é o real significado da lei de Associação Público-Privada (APP) deste governo vende-pátria”, reiterando seu "compromisso e determinação" de “impedir a doação de portos e aeroportos, saúde e educação, entre outras riquezas ao estrangeiro”.

Na avaliação da dirigente, “a política de Cartes é de nada para o povo e tudo para os muito ricos, esta minúscula oligarquia que se adonou do patrimônio nacional”. É para tornar possível o atropelo aos intereses da grande maioria, sublinhou, que “esse desgoverno entreguista age de forma covarde, perseguindo o movimento social organizado”. Com 42% da população rural, os camponeses representam, naturalmente, um dos alvos prediletos da repressão neoliberal, vistos como obstáculo a ser removido. Da mesma forma que persegue as lideranças dos estudantes secundaristas e universitàrios que tomam as ruas em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade: que chantageia os professores que defendem 7% do PIB para a educação - contra os 3,9% atuais - e tortura os motoristas de ônibus da linha 49, crucificados em frente ao Ministério do Trabalho hà mais de 115 dias.

“Com a aplicação de políticas anti-nacionais e anti-populares, com militarização, alta percentagem de endividamento e tentativas de assalto e entrega do nosso patrimônio nacional, o governo Cartes conspira contra os interesses da grande maioria do nosso povo”, acrescentou Eladio Flecha, secretário-geral do Partido Paraguai Pyahura (Novo, em guarani), que jogou peso na manifestação. 

De acordó com Eladio, com o governo dando as costas ao povo, as necessidades são cada vez mais crescentes e a misèria se alastra. “Necessitamos uma Pátria onde não haja latifúndio e onde haja saúde, educação, trabalho, moradia, soberania e respeito aos princípios nacionais”, assinalou. Por isso, frisou, “toda a cidadania, o campesinato, a classe operària, docentes, estudantes, intelectuais, profissionais e todos que temos sentimentos patrióticos precisamos estar unidos para construir o poder popular e lutar por uma pátria nova e pela segunda e definitiva independência do nosso país”.