Escrito por: Leonardo Severo, de Assunción
“Queremos uma Pátria sem narcopolítica nem terrorismo de Estado”
“Somos milhares marchando por uma Pátria nova, desenvolvida, sem narcopolítica nem terrorismo de Estado, com justa distribuição das terras e da riqueza. Por isso exigimos, com todas as nossas forças, a renúncia do presidente Horacio Cartes”, afirmou Dora Flecha, no comando da manifestação que tomou a Praça de Armas, em frente ao Congresso Nacional do Paraguai, em Assunção, na manhã desta quinta-feira.
Sob um sol escaldante, homens e mulheres, jovens e idosos, vindos de diversos estados, se concentraram na Calle Última, de onde marcharam cerca de sete quilómetros desde as primeiras horas da manhá. Erguendo faixas e cartazes eles denunciaram que “privatização é o real significado da lei de Associação Público-Privada (APP) deste governo vende-pátria”, reiterando seu "compromisso e determinação" de “impedir a doação de portos e aeroportos, saúde e educação, entre outras riquezas ao estrangeiro”.
Na avaliação da dirigente, “a política de Cartes é de nada para o povo e tudo para os muito ricos, esta minúscula oligarquia que se adonou do patrimônio nacional”. É para tornar possível o atropelo aos intereses da grande maioria, sublinhou, que “esse desgoverno entreguista age de forma covarde, perseguindo o movimento social organizado”. Com 42% da população rural, os camponeses representam, naturalmente, um dos alvos prediletos da repressão neoliberal, vistos como obstáculo a ser removido. Da mesma forma que persegue as lideranças dos estudantes secundaristas e universitàrios que tomam as ruas em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade: que chantageia os professores que defendem 7% do PIB para a educação - contra os 3,9% atuais - e tortura os motoristas de ônibus da linha 49, crucificados em frente ao Ministério do Trabalho hà mais de 115 dias.
“Com a aplicação de políticas anti-nacionais e anti-populares, com militarização, alta percentagem de endividamento e tentativas de assalto e entrega do nosso patrimônio nacional, o governo Cartes conspira contra os interesses da grande maioria do nosso povo”, acrescentou Eladio Flecha, secretário-geral do Partido Paraguai Pyahura (Novo, em guarani), que jogou peso na manifestação.
De acordó com Eladio, com o governo dando as costas ao povo, as necessidades são cada vez mais crescentes e a misèria se alastra. “Necessitamos uma Pátria onde não haja latifúndio e onde haja saúde, educação, trabalho, moradia, soberania e respeito aos princípios nacionais”, assinalou. Por isso, frisou, “toda a cidadania, o campesinato, a classe operària, docentes, estudantes, intelectuais, profissionais e todos que temos sentimentos patrióticos precisamos estar unidos para construir o poder popular e lutar por uma pátria nova e pela segunda e definitiva independência do nosso país”.