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Candidato bolsonarista do Amapá é preso por suspeita de beneficiar traficantes

Sydney Lopes, delegado licenciado da Polícia Civil, foi acusado pela PF de ligação com o tráfico de drogas. No RJ, outro candidato, ex-chefe da Polícia Civil, também foi preso por associação a milícias

Publicado: 15 Setembro, 2022 - 12h45 | Última modificação: 20 Setembro, 2022 - 15h39

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Divulgação/Polícia Civil
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A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira (14), oito investigados em uma operação que apura ‘esquemas ilícitos’ praticados no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá. Entre os presos está um delegado da Polícia Civil, o bolsonarista Sidney Leite, candidato a deputado estadual pelo PTB, acusado de ligação com o tráfico de drogas. Segundo a PF, ele teria facilitado a saída de um líder de uma facção criminosa usando atestados médicos falsos, assinados por um médico da penitenciária. 

Licenciado da Polícia Civil, o delegado, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, é um dos policias mais conhecidos do estado do Amapá, em especial pela promoção que faz de si própria nas redes socais e na imprensa mostrando sua atuação em operações da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes. Sydney diz, em sua propaganda eleitoral, que "respira" segurança pública. Seu slogan de campanha é "com segurança pública, não se brinca". 

Além dele, foram presos advogados e policiais penais. A Polícia Federal obteve informações por meio de interceptação de mensagens em que o delegado negocia a saída do líder da facção Família Terror Amapá, Ryan Richelle, apelidado de “Tio Chico”, para cumprir pena em prisão domiciliar. 

As trocas de mensagens via WhatsApp entre o delegado e o traficante serviram de base para o Ministério Público do Estado e a Polícia Federal pediram a prisão preventiva de Sidney. De acordo com a PF, as mensagens indicam que o delegado pode ter recebido vantagens, já que Ryan, em uma das conversas, afirma que pagou R$ 150 mil para conseguir sair da prisão. 

De acordo com a coluna Painel, da Folha de S Paulo, o delegado tentou em janeiro deste ano contato com o responsável pelo esquema para facilitar a saída e pediu a Ryan que não o esquecesse em seus "planos". 

A investigação ainda levantou informações de que o delegado tentou alugar um carro blindado para transportar o líder da facção quando conseguisse a liberdade. No entanto, não conseguiu por causa da visita de Bolsonaro a Macapá em janeiro. Sydney ainda teria buscado um local para acomodar Ryan e lamentou não poder colocá-lo em sua própria casa, já que o preso teria de usar tornozeleira eletrônica. 

Além da prisão preventiva, autorizada pelo juiz Diego Moura de Araújo do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, também foi determinado também o bloqueio das contas dos investigados. 

Outro apoiador preso 

No Rio de Janeiro, o ex-chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, também apoiador de Jair Bolsonaro, preso no dia 9, acusado de envolvimento com o jogo do bicho e com milícias. Ele teve o pedido de revogação da prisão negado nesta terça-feira (14). É a segunda vez que o pedido de habeas corpus é negado. 

A Justiça do Rio de Janeiro determinou ainda que Allan fosse transferido para uma sala de estado maior, ou seja, uma cela especial em que ficará sozinho, mas dentro da mesma cadeia. Ele está preso na cadeia pública Constantino Cokotós, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. 

O ex-chefe da Polícia Civil é candidato a deputado federal pelo PL, partido do presidente da República. A prisão tem caráter preventivo e, por isso, ele permanece candidato. Se eleito, poderá ser diplomado por meio de procuração. Isso corre porque para ser impedido de candidatar ou assumir o cargo, teria de ser julgado e condenado em segunda instância.