Escrito por: Solange do Espírito Santo, especial para a CUT
Afirmação é do professor e cientista político Emir Sader. Em artigo, ele diz que 2018 será ano de dois projetos se enfrentarem “cara a cara”.
O cientista político e sociólogo Emir Sader avalia que o ano de 2018 será decisivo na história do Brasil, quando o destino da nação terá dois caminhos possíveis: a prolongação do regime de exceção imposto pelo golpe ou o restabelecimento da democracia, que passa pelo direito do ex-presidente Lula ser candidato nas eleições.
“A batalha pelo direito de Lula ser candidato se prolongará por boa parte do próximo ano, se confundindo com a defesa da democracia e com a própria campanha eleitoral, fazendo desta uma campanha sui generis”, afirmou Emir Sader em artigo veiculado no portal Brasil247.
Segundo ele, “O direito de Lula ser candidato coincide com a derrota da judicialização da política, que pretende ocupar o lugar da soberania popular para decidir os destinos do país”.
Na opinião do sociólogo, que é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, “se 2015 e 2016 foram os anos do auge da preponderância do projeto golpista, que instalou o governo mais antipopular e antinacional da história do país, 2017 foi um ano de transição, em que a agenda nacional mudou, tendo como reflexo o aumento constante da popularidade de Lula”.
Assim, Sader diz que 2018 será o ano do desenlace da crise, em que as duas soluções que disputam o destino do país se enfrentarão “cara a cara”.
O cientista político alerta que caso a direita consiga se perpetuar no poder, o país terminará de ser desmontado, “virará definitivamente uma republiqueta, dirigida por uma elite que se enriquece com a especulação financeira, com um regime de exceção que se impõem pela força da mídia, das armadilhas jurídicas, da repressão, com a desigualdade, a exclusão social, a injustiça, a miséria e a fome imperando”. Além disso, diz que o Brasil será governado por “presidentes fantoches como o atual”, com um povo oprimido e sem esperança.
Por isso, Emir Sader defende que o povo deve decidir democraticamente quem será o próximo presidente, para que o país retome a democracia e o modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, com políticas públicas inclusivas em áreas vitais como educação e saúde.
E ele não tem dúvidas: “A solução democrática passa pela eleição de Lula, pelo referendo revogatório [de medidas como a reforma trabalhista, que acabou com direitos sagrados dos trabalhadores], talvez pela convocação de uma Assembleia Constituinte, pelo retorno do direito popular de definir o destino do país, pela eleição de um Congresso representativo do povo brasileiro”.
Dia 24 de janeiro: compromisso com Lula e a democracia
Emir Sader é um dos primeiros signatários do Manifesto “Eleição sem Lula é fraude”, uma iniciativa de um grupo de personalidades brasileiras e estrangeiras – entre elas Chico Buarque, José Mujica, Raduam Nassar, Cristina Kirchner e Noam Chomsky – e que já contava com a adesão de mais de 80 mil pessoas.
O sociólogo também está empenhado em contribuir com a organização de caravanas para que militantes e eleitores possam acompanhar, em Porto Alegre, no dia 24 de janeiro o julgamento do recurso ex-presidente Lula contra decisão do juiz Sérgio Moro, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). “Iremos todos a Porto Alegre, estaremos com o Lula, estaremos com a democracia, como estamos e estaremos em todas as ruas e praças do Brasil”, convoca.
A atividade, assim como atos em várias cidades do país em dias que antecedem o julgamento, está sendo organizada pela CUT e entidades dos movimentos sociais.
“Quem defende a justiça de fato e a democracia, está conosco na mobilização dessa série de ações que a CUT está organizando em todo o país”, destaca o presidente da CUT, Vagner Freitas, completando:
“Apoiar o companheiro Lula é mostrar para o país e para os golpistas que os trabalhadores vão à luta para recuperar os seus direitos e a democracia que este governo ilegítimo, seus apoiadores e o judiciário estão atacando diariamente. E para nós é bem claro: só com uma eleição limpa e com a candidatura de Lula começaremos a desfazer o estrago que Temer e a ‘república judicial de Curitiba’ estão fazendo com o país e a democracia”.