Escrito por: CUT Brasil, com informações da CUT-MT
Repete-se ataque a mando de fazendeiros contra moradores do assentamento em Nova Guarita.
No sábado, (19/08) um casal de moradores do Assentamento Raimundo Viera III, no município de Nova Guarita (MT), foi mantido em cárcere privado em sua casa e barbaramente espancado e torturado, na frente da filha de 3 anos de idade, por capangas armados.
Os assentados e assentadas que tentaram se aproximar da casa para socorrer as vítimas, foram repelidos a tiros. A Polícia Militar de Nova Guarita foi chamada, mas ao chegar no local deteve o casal agredido e liberou os agressores para se apresentarem posteriormente ao Núcleo da PM em Nova Guarita. As armas de fogo dos agressores não foram apreendidas.
A denúncia foi feita pelo Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT-MT). Em nota, as entidades afirmam que temem “pela vida dessas famílias que, desde o ano de 2005, quando foram assentadas pelo INCRA, por força de uma decisão da Justiça Federal de MT, vivem sob ameaças constantes e uma violência que não está tendo limites, cometidas pela família Braga (Izairo Batista Braga, Carlos Raposo Braga e esposa, netos, cunhados, genros, sobrinhos) que vão desde ameaças de morte, tortura, cárcere privado, queima de casas, cortes de cercas, envenenamento por pulverização aérea de agrotóxicos, disparos de armas de fogo nas casas e veículos, entre outros, como comprovam diversos relatos e boletins de ocorrência lavrados na Polícia Militar e Civil do Estado de MT.”
Segundo a nota, a impunidade desses agressores tem tornado torna a vida das famílias do Assentamento Raimundo Vieira III “uma maldição”. O texto relata que já foram feitas denúncias em praticamente todos os órgãos e instâncias no Estado de Mato Grosso. Dezenas de boletins de ocorrência foram registrados na Polícia Militar e Civil. Denúncias também foram apresentadas para o Ministério Público Estadual e para o Ministério Público Federal, para o Incra MT, Ibama MT, Secretaria Estadual de Segurança, Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Casa Militar, Casa Civil e até ao próprio governador do estado, Pedro Taques.
As entidades que defendem os trabalhadores rurais lembram que o referido fazendeiro Izairo Batista Braga entrou com ação contra os assentados, mas a Justiça negou seu pedido de liminar. De seu lado, as 12 famílias assentadas entraram, via Defensoria Pública, com uma ação cautelar contra Braga e conseguiram uma liminar da Justiça determinando que o fazendeiro “se abstenha de praticar qualquer ato de alteração do estado de fato da área em litígio, sob pena de multa diária que fixo no valor de R$ 1.000,00”.
Vários dos crimes praticados contra as famílias estão registrados em fotos e vídeos. Apesar disso, a família Braga continua ameaçando os assentados e assentadas. No vídeo abaixo, feito em junho deste ano, o fazendeiro Carlos Raposo Braga é flagrado tentando intimidar moradores do assentamento.