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Caravana Contra a Fome chega a Curitiba e divulga carta para Lula

"Trazemos nossa indignação. Dói em nós, povos do Semiárido, vivenciar com você a sua prisão política motivada pelo seu compromisso histórico com os mais empobrecidos deste país", diz trecho da carta

Publicado: 02 Agosto, 2018 - 15h38 | Última modificação: 08 Agosto, 2018 - 17h52

Escrito por: Redação CUT

Indi Gouveia / ASA Minas
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Integrantes da Caravana Semiárido Contra a Fome durante sua passagem por Belo Horizonte

A 'Caravana Semiárido contra a Fome', que partiu de Caetés, em Pernambuco, no dia 27 de julho, chegou a Curitiba nesta quinta-feira (2) e se integrou à Vigília Lula Livre, acampamento mantido permanentemente nas proximidades da sede Superintendência da Polícia Federal até que o ex-presidente Lula, mantido como preso político há 116 dias, seja colocado em liberdade.

Os mais de 100 integrantes, que percorreram cerca de 3 mil km e realizaram atos políticos na Bahia e em Minas Gerais, ficam na capital paranaense até sexta-feira (3).

Baiano de Juazeiro, Cícero Félix, da coordenação da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), leu uma carta produzida pelos integrantes da caravana que será enviada a Lula.

"Somos Marias, Joões, Josefas, Lindús e Luízes vindos do Semiárido brasileiro para manifestar nossa solidariedade a você que é um dos nossos", iniciam os integrantes da caravana na carta.

"Trazemos nossa indignação. Dói em nós, povos do Semiárido, vivenciar com você a sua prisão política motivada pelo seu compromisso histórico com os mais empobrecidos deste país e com a classe trabalhadora pela garantia de justiça social", continuam os integrantes.

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No documento, além de denunciar os retrocessos nas políticas públicas desde o golpe de 2016, eles reconhecem o compromisso ético e histórico de Lula e da presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, com as políticas de convivência com o Semiárido, como a implementação de mais de 1 milhão de cisternas

"Temos consciência do seu papel fundamental na mudança da paisagem do Semiárido, antes visto como lugar de miséria, pobreza e incapacidade para um lugar de fartura, de um povo altivo capaz de construir estratégias para conviver com o seu lugar."

De Curitiba, a Caravana segue para Brasília, onde realizará intensa agenda de atos em denúncia da volta da fome ao Brasil. 

"Sinta o nosso afeto, nosso abraço, nosso carinho, nossa oração e gratidão! Nunca esqueça que estamos sempre com você", finalizaram os integrantes da Caravana.

Confira a íntegra da carta:

CARTA DA CARAVANA DO SEMIÁRIDO CONTRA A FOME

Curitiba, Paraná, Brasil, 2 de agosto de 2018.

Querido presidente Lula,

Somos Marias, Joões, Josefas, Lindús e Luízes vindos do Semiárido brasileiro para manifestar nossa solidariedade a você que é um dos nossos. Viemos em Caravana, saindo de Caetés-PE no dia 27 de julho, passando por Feira de Santana-BA, Belo Horizonte-MG, Guararema-SP. Viajamos cerca de três mil quilômetros para chegar até aqui, onde permaneceremos em vigília por dois dias (02 e 03 de agosto) no Acampamento Lula Livre.

Trazemos também nossa indignação. Dói em nós, povos do Semiárido, vivenciar com você a sua prisão política motivada pelo seu compromisso histórico com os mais empobrecidos deste país e com a classe trabalhadora, pela garantia de justiça social.

Nos preocupa muito o crescente desmonte das políticas públicas que segue de forma acelerada. Temos sentido de forma efetiva o peso dos cortes das politicas sociais e dos programas de convivência com o Semiárido e desenvolvimento rural, também na reforma agrária e na garantia dos territórios dos povos tradicionais, inexistentes neste governo, fruto do golpe de 2016. Sobretudo, testemunhamos a iminente volta do Brasil ao mapa da fome. Reconhecemos que só não vivenciamos tanta mortalidade no Semiárido brasileiro como há décadas, em função da conquista das politicas sociais implementadas durante o seu Governo e da Presidenta Dilma.

Mas viemos aqui, falar de esperança e fé, sentimentos que nutrimos como sertanejos e sertanejas, e que nos movem. Sabemos da sua força e resiliência e por isso, trazemos no peito o reconhecimento por seu empenho e compromisso ético e histórico com as causas e transformações sociais no nosso país. 

Temos consciência do seu papel fundamental na mudança da paisagem do Semiárido, antes visto como lugar de miséria, pobreza e incapacidade para um lugar de fartura, de um povo altivo capaz de construir estratégias para conviver com o seu lugar. Trazemos o nosso sentimento de resistência, fruto do aprendizado cotidiano do povo do Semiárido que se reinventa, reposiciona e hoje se constitui como sujeito de sua história.

Levaremos nosso clamor até Brasília, onde construiremos uma agenda política, buscando denunciar todas essas mazelas, encerrando uma jornada de treze dias e mais de quatro mil quilômetros percorridos pelo nordeste, sudeste, sul e centro-oeste.

Sinta o nosso afeto, nosso abraço, nosso carinho, nossa oração e gratidão! 

Nunca esqueça que estamos sempre com você.

“É no Semiárido que a vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste!"

Caravana Semiárido Contra a Fome

*Com informações Brasil de Fato