Caso do menino morto em PE: Dois homens foram presos e um menor foi apreendido
Polícia Civil suspeita que eles participaram do assassinato de Jonathas, de 9 anos, morto a tiros no dia 10, na Zona da Mata de Pernambuco
Publicado: 18 Fevereiro, 2022 - 09h49 | Última modificação: 18 Fevereiro, 2022 - 16h01
Escrito por: Redação CUT
A Polícia Civil de Pernambuco confirmou a prisão de dois homens e a apreensão de um adolescente de 15 anos, por suspeita de envolvimento no caso do assassinato de Jonathas Oliveira, 9 anos, morto a tiros na noite do dia 10. O garoto, que é filho do líder rural Geovane da Silva Santos, foi morto dentro de casa no Engenho Roncadorzinho, em Barreiros, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, região de engenhos de cana falidos e áreas ocupadas por trabalhadores rurais.
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), segundo o G1, disse que os suspeitos são Manoel Bezerra Siqueira Neto e Michael Faustino da Silva. Eles passaram por audiência de custódia nesta quinta. O nome do adolescente não foi divulgado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Os dois homens foram levados para um presídio no município de Palmares. Já o adolescente foi para uma unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) em Cabo do Santo Agostinho, no Grande Recife. Sua mãe afirmou que ele estava na casa de um amigo no horário do crime.
Para o promotor de Justiça de Barreiros, Júlio César Cavalcanti Elihimas, o assassinato da criança "é típico de atividade de grupo de extermínio e pistolagem".
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape) divulgaram nota na noite desta quinta-feira (17) depois que a polícia confirmou as prisões relacionadas ao caso do menino. As entidades afirmam que continuarão “acompanhando as investigações daquele crime hediondo, exigindo rigor e imparcialidade na condução do inquérito”.
Cobiça e milícia
“Caso se confirmem as apurações da Polícia Civil, que ela própria anunciou estarem na sua fase inicial, esta situação de violência absurda confirma a importância da regularização das terras da região, as quais têm sido alvo de cobiça e especulação imobiliária por diversos grupos econômicos, seja de grandes empresários e fazendeiros, seja da milícia armada privada e, agora a polícia aponta, até por redes de tráfico de drogas”, afirmam CPT e Fetape.
“De fato, situações inaceitáveis como a vivida pela comunidade de Roncadorzinho, que há muitos anos luta pelos reconhecimento de seus direitos e pela regularização de suas posses, são enfrentadas, também, por mais de 1.500 famílias camponesas posseiras em, no mínimo, outros oito municípios da Zona da Mata,” diz trecho da nota.
Jonatas estava escondido embaixo da cama quando foi assassinado
No dia em que foi assassinado, Jonatas estava em casa com o pai, a mãe e outras três crianças. Segundo o pai, os criminosos disseram que eram da polícia e gritaram por "Jeová", nome parecido com o dele, Geovane.
Eles invadiram a casa e balearam o líder rural no ombro. Para tentar se esconder do tiroteio, o menino foi para debaixo da cama, onde já estava a mãe dele, mas acabou sendo assassinado. Ela e as outras três crianças que estavam no local não ficaram feridas.
Advogados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) informaram que, próximo à casa da família, foi encontrada uma área em que possivelmente os assassinos montaram campana para acompanhar os movimentos dos parentes de Geovane.
Com apoio da RBA