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Caso Marielle: Explicações de Bolsonaro são ‘insuficientes’, diz líder do PSOL

Resposta do presidente sobre suposta relação com o assassinato de Marielle atacam direitos, afirma Juliano Medeiros

Publicado: 30 Outubro, 2019 - 15h37

Escrito por: Giovanna Galvani, da Carta Capital

Reprodução
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Em coletiva dada nesta quarta-feira (30), o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que o partido não irá acusar Jair Bolsonaro (PSL) de estar envolvido no assassinato de Marielle Franco sem provas, mas criticou as explicações e o tom usado por Bolsonaro para se justificar: “São absolutamente insuficientes”.

O nome de Jair Bolsonaro surgiu na noite da terça-feira (29) em uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo. Segundo a matéria, os acusados de terem cometido o assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL, e seu motorista Anderson Gomes estiveram no condomínio de Bolsonaro horas antes do homicídio.

Questionado sobre os riscos políticos para Bolsonaro, Juliano Medeiros afirmou que a maneira como o presidente respondeu à reportagem representava desrespeito à imprensa e fazia relações não verídicas com o PSOL e com o atentado de Adélio Bispo contra Bolsonaro em 2018. Afirmou ainda que esperava que o “o Brasil viva um Chile o mais rápido possível” em relação à resposta popular às declarações de Bolsonaro.

“Queremos que autoridades esclareçam quem estava na casa 58 e se há algum contato entre Élcio, Ronnie e a família Bolsonaro. O PSOL em nenhum momento alimentou ilação nesse caso. Até agora, temos apenas um suposto contato”, disse, citando o nome de dois acusados de envolvimento no crime. 

Há, por parte do PSOL, o desejo que o caso permaneça com o Ministério Público do Rio de Janeiro e que não seja federalizado  para evitar “qualquer medida que pudesse interromper as investigações”, disse Medeiros. O partido pediu uma audiência com o presidente do STF, Dias Toffoli, ainda para esta quarta-feira, mas ainda não obteve retorno. 

“Vamos pedir para que o STF fique atento a qualquer possibilidade de intervenção do governo federal. Jair Bolsonaro já demonstrou que interfere na Justiça para proteger sua família. É um risco”, relatou o presidente do partido.

Em nota, o partido já havia se posicionado rapidamente após a reportagem do Jornal Nacional, dizendo que o PSOL nunca tinha feito qualquer ilação entre Jair Bolsonaro e o assassinato de Marielle Franco, mas que as informações veiculadas são “gravíssimas”.

“O Brasil não pode conviver com qualquer dúvida sobre a relação entre o Presidente da República e um assassinato. Exigimos respostas. Exigimos justiça para Marielle e Anderson.”, diz o texto.

Entenda o caso

O porteiro do local contou à polícia que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos da morte de Marielle e Anderson, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. O funcionário disse que, ao interfonar para casa do presidente, o identificado por ele como “Seu Jair” liberou a entrada do suspeito.

No dia 14 de março, Jair Bolsonaro estava em Brasília na Câmara dos Deputados. Seu registro foi inscrito em sessões que aconteceram no período da manhã e da tarde naquele dia. Em suas redes sociais, o então deputado também postou vídeo com admiradores na parte de fora de seu gabinete.

Como as investigações chegaram até o presidente da República, o caso agora pode ser assumido pelo Supremo Tribunal Federal, como determina a Constituição. Representantes do Ministério Público do Rio foram até Brasília em 17 de outubro para fazer uma consulta ao presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli, mas ele ainda não retornou.