Causa da morte de trabalhador da BRF em câmara frigorífica é negligência, diz Contac
Contac-CUT alerta que trabalhadoras vivenciam acidentes graves diariamente nas empresas devido à ausência de segurança e equipamentos adequados
Publicado: 23 Agosto, 2024 - 11h21
Escrito por: Walber Pinto | Editado por: Rosely Rocha
A falta de manutenção de equipamento e a negligência de empresas do ramo alimentício fizeram mais uma vítima no Brasil. Desta vez, um trabalhador de 43 anos, da BRF Brasil Foods morreu após ficar preso por horas dentro de um frigorifico a 18ºC negativos.
Segundo informações dos trabalhadores da BRF Foods, uma parede de pallets caiu em frente à porta da câmara frigorífica e o trabalhador não conseguiu sair do local, ficando preso. Além desse trabalhador, outro funcionário também ficou preso, mas ele conseguiu fugir e foi socorrido com ferimentos leves, de acordo com o Corpo de Bombeiros. O caso aconteceu em Embu das Artes, em São Paulo, na última quinta-feira (15).
Para Josimar Cecchin, presidente da Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac), trabalhadores e trabalhadoras vivenciam acidentes como esse diariamente nas empresas devido à ausência de segurança e equipamentos adequados.
“Para casos como esses não ocorrerem, primeiro, precisamos de manutenção dos equipamentos, pois estamos vivenciando acidentes fatais quase que diariamente, além de acidentes que hospitalizam centenas de trabalhadores diariamente com vazamentos de Amônia. Segundo, é preciso treinamento para que operadores tenham condições de trabalhar sem arriscar as vidas desses profissionais, por estarem despreparados”, diz o dirigente.
O acidente lembra as lutas e reivindicação dos sindicatos, federações e confederações de trabalhadores nas indústrias de alimentos sobre a necessidade de manutenção adequada dos equipamentos de segurança para não colocar em risco a vida do trabalhador.
Segundo Paulo Madeira, presidente do Sindicato e da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul (FTIA-RS), casos como esse têm sido um problema recorrente e acontecem porque as empresas obrigam os trabalhadores a trabalhar em lugares perigosos sem nenhuma condição de segurança.
“A pessoa quando vai entrar num lugar que é perigoso, alguém tem que ficar para o lado de fora. As empresas mandam os trabalhadores fazerem o serviço que não tem a ver com sua função, e daí colocam as pessoas sob risco”, afirma o dirigente.
Madeira ressalta que o setor precisa de fiscalização. “Sem fiscalização não vai resolver isso ainda e precisamos de auditores fiscais para fazer investigação das empresas”.
Sobre as reivindicações dos trabalhadores nas indústrias da alimentação, o presidente da Contac alerta que as empresas precisam dar as mínimas condições para preservarmos a saúde, a segurança e a qualidade de trabalho.
Para que os pais e mães que saem de casa todos os dias possam voltar para as suas famílias vivos e da mesma forma que saíram para trabalhar
Caso não é isolado
Em julho deste ano aconteceu um vazamento de amônia na unidade do frigorífico Aurora, em Sarandi, no Rio Grande do Sul. O acidente no registro da sala de máquinas deixou 22 trabalhadores hospitalizados.
Na ocasião, Paulo Madeira, afirmou que a situação crítica dos equipamentos em frigoríficos, incluindo caldeiras, digestores e reservatórios de produtos químicos, foi novamente evidenciada pelo vazamento. "Lamentamos porque nosso alerta para que sejam efetuados reparos nos equipamentos dos frigoríficos nem sempre são ouvidos", acrescentou Madeira.
O que disse a BRF
Em nota enviada para o site Metrópoles, a BRF “informa que acionou todos os protocolos de segurança, direcionando imediatamente equipes de pronto-atendimento para assistência às pessoas”. A empresa também lamentou o ocorrido e diz estar prestando todo o apoio à família.