Escrito por: Andre Accarini

CCJ aprova PL que permite educação em casa. Veja quem são os inimigos da educação

Bia Kicis, braço de Bolsonaro na CCJ conseguiu aprovar projeto que altera Código Penal e libera educação em casa. CNTE e entidades que defendem a educação se mobilizarão para que PL seja rejeitado em plenário

Pablo Valadares/Câmara

Os bolsonaristas têm pressa em aprovar o projeto que regulamenta o ensino em casa, que prejudica a educação básica de crianças e adolescentes, porque essa é uma promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) aos seus eleitores conservadores. E eles não se constrangem em manobrar para alcançar seus objetivos.

Nesta quinta-feira, a manobra de deputados aliados ao governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), liderados por Bia Kicis (PSL-DF) resultou na aprovação, na Constituição de Justiça da Câmara (CCJ), do Projeto de Lei (PL) nº 3262/19, que altera o Código Penal e libera de responsabilidade criminal pais que não matriculam os filhos na escola.

O crime denominado “abandono intelectual” está previsto no Artigo 246 e prevê detenção de 15 a 30 dias ou multa.

Na prática, Bia Kicis, que preside a CCJ e é uma das autoras do PL aprovado, preparou terreno para um outro projeto em tramitação, o PL 2401/19, que regulamenta o ensino em casa, chamado de “homeschooling”, encaminhado ao Congresso pelo governo federal, explica Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

De acordo com o dirigente, o Ministério Público está punindo pais que não mandam as crianças para a escola nos estados e bolsonaristas querem anular essas punições com o propósito de facilitar a aprovação do ensino em casa.

“Essa manobra é para aliviar a situação de quem já pratica o homeschooling para que os aliados do governo argumentem que a prática já acontece e, portanto, não haveria motivo para não aprovar o projeto”

O homeschooling tem viés puramente ideológico, de acordo com o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro. Segundo ele, a escola em casa implica em prejuízos intelectuais na formação da criança que for submetida a esse sistema de ensino sem a supervisão de professores ou pedagogos, profissionais preparados para ensinar as crianças.

Janine Ribeiro diz, ainda, que esse é um debate pontual e que questões mais importantes no campo da educação deveriam ser priorizadas, como aprimorar a alfabetização, melhorar condições de escolas e professores, inclusive no que diz respeito à carreira e salários para que a educação no Brasil avance.

Tramitação

O texto do PL aprovado na CCJ segue para votação no plenário da Câmara dos Deputados.

Heleno Araújo afirma que a CNTE e entidades que defendem a educação de qualidade continuarão mobilizadas e atuando tanto na Câmara como no Senado para que tanto o projeto de Bia Kicis quanto o projeto de Bolsonaro, do ensino em casa, sejam derrubados.

De acordo com reportagem da Folha de SP, o projeto de Bolsonaro para o ensino em casa deve ser colocado em regime de urgência na segunda-feira (14) para que vá ao plenário da Câmara já na terça-feira.

Ainda de acordo com a reportagem do jornal, o projeto é a “única prioridade de Bolsonaro para a educação este ano”

Veja os deputados que votaram a favor do PL 3252/19

Bia Kicis (PSL-DF)
Carlos Jordy (PSL-RJ)
Caroline de Toni (PSL-SC)
Daniel Freitas (PSL-SC)
FelipeFrancischini (PSL-PR)
Filipe Barros (PSL-PR)
Vitor Hugo (PSL-GO)
Hiran Gonçalves (PP-RR)
Guilherme Derrite (PP-SP)
Darci de Matos (PSD-SC)
Fábio Trad (PSD-MS)
Stephanes Junior (PSD-PR)
Sérgio Brito (PSD-BA)
Bilac Pinto (DEM-MG)
Geninho Zuliani (DEM-SP)
Kim Kataguiri (DEM-SP)
Luis Miranda (DEM-DF)
Márcio Biolchi (MDB-RS)
Giovani Cherini (PL-RS)
Magda Mofatto (PL-GO)
Christiane Yared (PL-PR)
Lucas Redecker (PSDB-RS)
Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG)
Eduardo Cury (PSDB-SP)
Lafayette Andrada (REPUBLICANOS-MG)
Marcos Pereira (REPUBLICANOS-SP)
Silvio Costa Filho (REPUBLICANOS-PE)
Pr Marco Feliciano (REPUBLICANOS-SP)
Paulo Martins (PSC-PR)
Diego Garcia (PODE-PR)
José Medeiros (PODE-MT)
Greyce Elias (AVANTE-MG)
Pastor Eurico (PATRIOTA-PE)
Enrico Misasi (PV-SP)
Gilson Marques (NOVO-SC)