RS: CEEE Equatorial fica lanterna em ranking de qualidade de serviço da Aneel
Houve piora também na qualidade de outras duas concessionárias do grupo: a Equitaorial Pará e a Equatorial Maranhão
Publicado: 18 Março, 2022 - 16h13 | Última modificação: 18 Março, 2022 - 16h33
Escrito por: CUT-RS
A CEEE Equatorial ficou na lanterna do ranking de qualidade de serviço da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que não surpreendeu os gaúchos e as gaúchas de Porto Alegre e da Região Metropolitana, que ficaram até cinco dias sem luz após os temporais do último 6.
Conforme dados de 2021 publicados pela Aneel na quarta-feira (16), a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D), privatizada pelo governador Eduardo Leite (PSDB) em 31 de março do ano passado, ocupa o último lugar em prestação de serviços na lista das 29 concessionárias de grande porte do país.
A Equatorial, que pagou míseros R$ 100 mil em lance único no leilão de privatização da CEEE-D, assumiu a empresa em julho de 2021. Apesar do aumento das tarifas, os serviços foram precarizados, prejudicando o atendimento dos consumidores.
O desempenho ruim não é isolado. Houve piora também na qualidade de outras duas concessionárias do grupo. A Equatorial Pará, que em 2020 estava em segundo lugar na lista, caiu para sétimo. E a Equatorial Maranhão, que era a oitava melhor, virou a segunda pior, em 28º lugar, só acima da própria CEEE privatizada.
Confira no gráfico da Aneel.
Demissões em massa
Para o Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), a queda na qualidade do atendimento no Rio Grande do Sul é resultado das demissões em massa de trabalhadores e trabalhadoras, após a implantação de um plano de demissão voluntária (PDV) pela Equatorial logo depois da privatização da CEEE-D. "O modelo de gestão promovido pela Equatorial é um verdadeiro desastre para a população; o atendimento presencial em muitas cidades não existe mais, é 100% terceirizado", denuncia a entidade.
Os profissionais que aderiram ao PDV representam uma parcela majoritária dos executores dos serviços essenciais operacionais da empresa; para se ter uma ideia do caos causado pela Equatorial, o atendimento em manutenção em subestações está praticamente sem profissionais qualificados e com expertise na empresa para atender quaisquer tipos de ocorrência em subestações na área de concessão da Equatorial", destaca a nota do Senergisul.
Leia mais: Senergisul esclarece população sobre dificuldades de atendimento da Equatorial
RGE fica em 17º lugar
A RGE, oriunda da parte da CEEE privatizada pelo ex-governador Antonio Britto (PMDB) em 1997 e hoje controlada pelo Grupo CPFL Energia, ficou em 17º lugar, um degrau acima do ranking de 2020. A "nota" da RGE teve melhora inexpressiva, passando de 0,82 para 0,81 (quanto menor o número, que indica problemas, melhor a qualidade do serviço).
O mau resultado da RGE também não surpreende os gaúchos e as gaúchas das regiões atendidas pela empresa. Em 18 de janeiro, por exemplo, cinco agricultores rurais do interior de Colinas, que estavam há mais de 30 horas sem luz em suas propriedades, protestaram em frente à Central de Atendimento da empresa, em Lajeado.
Eles jogaram um balde de leite azedo na porta de entrada da RGE, indignados com as constantes falta de energia, a longa espera para o restabelecimento do serviço e a escassez de investimentos.
Leia mais: Agricultores jogam leite na sede da RGE de Lajeado em protesto contra falta de energia
"A CEEE Equatorial e a RGE são frutos das privatizações dos governos neoliberais, que só favorecem um punhado de acionistas insaciáveis por lucros, enquanto os trabalhadores foram trocados por terceirizados inexperientes e os consumidores sofrem com as altas tarifas e as suspensões no fornecimento de energia, especialmente nas periferias e no meio rural", critica o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
Conforme a Aneel, os brasileiros ficaram em média 10,84 horas sem luz em 2021, resultado de 5,98 cortes. O que o indicador da Aneel mede é o chamado Desempenho Global de Continuidade (DGC), formado a partir da comparação da duração (DEC) e da frequência (FEC) dos cortes no fornecimento de energia.